terça-feira, 29 de julho de 2014

José no Egito

Capítulo 9
Apaixonados, José e Azenate conversam. Ele devolve o brinco que havia caído no mercado. Azenate tenta lutar contra seus sentimentos quando José se aproxima. Quando está prestes a beijar José, a jovem se afasta e afirma que não pode mais encontra-lo. Irritada, Sati diz a Potifar que não haverá noites de amor enquanto seu jardim não estiver pronto. Azenate diz a José que se tornará uma sacerdotisa em breve. Começa um embate entre os dois, que discutem sobre suas crenças. Após a discussão, com lágrimas nos olhos, Azenate vai embora. José fica arrasado. Jacó ainda sofre muito com a suposta morte de José. Ele diz a Judá que ficaria extremamente feliz se seu filho ainda estivesse vivo. O hebreu hesita, quase conta a verdade, mas decide recuar e desiste. Em sua tenda, Judá não consegue conter as lágrimas e chora demais. Preocupada, Elisa se aproxima do marido. Desesperado, Judá não aguenta mais tanto sofrimento e decide revelar que José ainda vive. Ele conta que o irmão foi vendido como escravo. Judá conta que ele mesmo sugeriu que José fosse vendido para salvar sua vida. Elisa fica baqueada ao saber que os outros queriam matar o próprio irmão. Martirizado, Judá chora verdadeiramente. Ele sugere que deixem o acampamento. Elisa promete não contar o segredo a ninguém. Simeon provoca Ruben e leva um soco no rosto. Levi interfere na briga. José e Hapu falam sobre o jardim da casa de Potifar. O hebreu tenta dar conselhos, já que nada germina no local. Hapu o ofende quando Sati chega. Depois que José se apresenta, a esposa de Potifar decide dar ao hebreu a chance de cuidar de seu jardim. Hapu se irrita quando Potifar o obriga a atender os pedidos de José, que deseja fertilizar a terra do jardim. Potifar fica impressionado com a inteligência do hebreu, que negocia no mercado. Enquanto caça com o Faraó, Potifar sente uma dor intensa no pé. Após uma passagem de tempo, o jardim fica belíssimo. Hapu é obrigado a conter seu ódio, afinal, o mérito é de José. Potifar sente a dor no pé, dessa vez com maior intensidade. Sati pede que Pentephres seja chamado. Chega o dia do casamento de Naamá. Alguns percebem que Ruben desapareceu. Pentephres vai à casa de Potifar acompanhando da filha. Bila sofre ao ver Naamá pronta para se casar. Ela chora, afastada da tenda, quando Ruben se aproxima. Ele sugere que os dois fujam juntos e a concubina aceita. Eles se separam para pegar seus pertences. Lia ouve tudo. Sati leva Azenate para conhecer seu jardim. José se assusta ao ver sua amada se aproximando e se esconde para não ser visto. Sati se afasta para ver o marido e deixa Azenate no jardim. José se aproxima e presenteia a jovem egípcia com uma flor. Os dois se emocionam com o reencontro. Ruben arruma suas coisas quando Lia chega e impede sua fuga. Jacó chega na tenda, mesmo sem saber de nada, e avisa que Naamá está esperando. Ruben fica sem saída. Bila aguarda seu amado, sem saber que ele foi se casar. Pentephres flagra Azenate e José escondidos na vegetação do jardim, se beijando.
Capítulo 10
Pentephres acredita que José atacou sua filha e o amaldiçoa. Azenate afirma que estava beijando o rapaz porque o ama. Pentephres acerta um tapa no rosto de sua filha e demonstra toda sua insatisfação. Sati e Hapu se aproximam, atraídos pela confusão. O sacerdote afirma que Azenate foi seduzida por José. Ele pega a filha pelo braço e a leva dali. Sati afirma que Potifar decidirá qual será a punição de José. Ruben chega ao local do casamento, muito incomodado. Bila chora demais. Após a cerimônia, acontece a festa do casamento. Muito tenso, Ruben olha constantemente para a saída do acampamento. Judá diz ao pai que deseja se mudar com sua esposa e filhos para ficar mais próximo da família de Elisa. Jacó percebe que Ruben está cada vez mais tenso. Ele abençoa a decisão de Judá e decide se aproximar do primogênito. Jacó diz a Ruben que sabe a verdade sobre Bila. Jacó pergunta aonde ela está. Azenate insiste com o pai, que se mantém irredutível. Pentephres afirma que pedirá a execução de José, caso ela desista de ser sacerdotisa. Jacó encontra Bila e a chama de volta para o acampamento. Bila não tem dúvidas que Jacó sabe de tudo, mas ainda assim, ele é respeitoso e estende sua mão, disposto a recebê-la novamente. Potifar se aproxima de José para conversar. Ele não é duro, muito pelo contrário. Depois de falar sobre a inteligência de José, Potifar afirma que será melhor se afastar de Azenate, pelo bem da própria moça. Quando Potifar está saindo, vê alguns papiros no chão. Depois que José confessa estar aprendendo a escrita egípcia, Potifar fica impressionado. Ele pede a José que converse com Mitri para ajudá-lo a aperfeiçoar sua técnica. Jacó chega ao acampamento com Bila. Ela olha com desprezo para Ruben, enquanto Lia tenta intimidá-la. Jacó não permite e pede que ela vá dançar. Bêbado, Simeon confessa a Levi que é apaixonado por Naamá. Levi começa a gritar para todos ouvirem e os dois acabam brigando, rolando na terra. Muito sem jeito, Ruben e Naamá vão para a tenda e começam a se despir. O hebreu vê o rosto de Bila quando fica muito próximo de sua esposa e decide afastar. Como sabe que José é extremamente inteligente, Potifar pede que ele organize os papiros que contêm os registros de seus negócios. No dia seguinte ao casamento, Ruben tenta se explicar com Bila. Revoltada, ela é dura e pede que o hebreu a esqueça. Enquanto organiza os papiros de Potifar, José compara dois documentos e descobre algo errado. Elisa e Judá, que já estão de partida, se despedem de todos no acampamento. Ela se nega a abraçar Simeon, que fica desconfiado. José diz a Potifar que as mercadorias da casa estão sendo mal trocadas. Ele dá conselhos sobre novas formas de obter mais lucro. Pentephres diz a Potifar que deseja a morte de José. O comandante se nega a atender ao pedido e convence o sacerdote de que o hebreu não causará mais problemas. Pentephres se conforma, mas revela que seria capaz de matar a própria filha, caso José tente atrapalhar sua trajetória como sacerdotisa. Sem saber a verdade, em um tom ameaçador, Simeon diz a Judá que seria capaz de matar Elisa, caso a história de José seja revelada a ela. Furioso, Judá revela que seria capaz de fazer qualquer coisa por sua esposa. Depois de ser humilhado, Simeon fica mexido. Azenate pede a ajuda de Potifar para fazer algo antes de sua partida. O comandante diz a José que vai liberá-lo para encontrar a jovem, sob a condição de acabar com suas esperanças. Potifar revela a ameaça de Pentephres. Er, filho de Judá, rouba um mendigo cego assim que chega na cidade em que se instalará com sua família. José fica arrasado depois de dispensar Azenate. Após a dura conversa, ela vai embora chorando. Potifar decide que José será responsável pela administração e finanças da casa. As condições de vida de José prosperam. José corta seus cabelos. Os anos passam, o hebreu se torna adulto, e cada vez mais respeitado na casa de Potifar. Vestido como egípcio e bem cuidado, José vai ao mercado para negociar. Azenate retorna para a capital do Egito. Ela e José se reencontram no mercado.
Capítulo 11
José e Azenate se emocionam com o reencontro. Ele faz menção de tocá-la, mas Azenate muda seu semblante. Ela é dura e afirma que no dia seguinte será consagrada sacerdotisa. José fica decepcionado com a frieza de sua amada. Pentephres, que caminha pelo mercado, vê a filha e a chama. Antes que o pai se aproxime, Azenate pede que José a esqueça. Ela se afasta rapidamente. Azenate e Pentephres se abraçam muito emocionados. Ele conduz a filha até o palácio. José vê Jetur negociando escravos no mercado. Ele se aproxima do negociante, que não o reconhece. Depois que José revela sua identidade, Jetur fica pasmo com a ascensão do hebreu. Simeon entra em conflito com Ruben. Ele afirma que logo Benjamin se tornará o favorito de Jacó. O primogênito afirma que não se importa. Simeon diz na frente de Levi que Ruben se deitou com a mulher do pai. Depois de acertar um soco no rosto de Simeon, Ruben exige que esse assunto morra. Ele afirma que não permitirá que o erro cometido com José se repita com Benjamin. José não é rancoroso. Ele se diverte com o medo de Jetur. Um pouco amargurado, José pergunta se o negociante tem notícias de sua família. Após a resposta negativa, José vai embora decepcionado. Mara ainda sofre com a lembrança distorcida da morte de seu pai. Ela é dura com Benjamin porque não acha justo ter perdido tanto por causa da tragédia de Diná. Em uma conversa com Tany, Azenate tenta demonstrar que tem certeza de sua escolha como sacerdotisa, mas sua indecisão é nítida. José diz a Mitri que seus sentimentos afloraram novamente quando encontrou Azenate no mercado. Hapu, que ouve tudo escondido, sorri de forma maligna. O hebreu vai até o quarto de Potifar para comunicar que está tudo pronto para a partida. Sedutora, Sati devora José com o olhar. O comandante percebe, enquanto o hebreu fica constrangido. Judá perde a cabeça com Er, que se torna um criminoso. Quando está prestes a agredir o filho, Elisa se intromete. Er ri de toda a situação com desdém. Judá decide se afastar. Elisa diz ao filho que no fundo Judá tem razão. Er dá um tapa no rosto da mãe, que vai ao chão. Tamar, esposa do rapaz, tenta se intrometer e quase apanha também. Diná diz ao pai que continuará rejeitando qualquer pretendente que apareça. Lia entra na tenda e leva um chá para o marido. Jacó estranha, afinal, a esposa já tinha feito a mesma coisa há pouco. Mercadores começam a cobrar Judá por conta dos roubos de Er. Onã se irrita. Potifar fica impressionado com a prosperidade de sua casa, causada por José. O comandante afirma que o hebreu merece todos os privilégios, porém, jamais poderá ter Sati. José fica constrangido e tenta explicar, mas Potifar sai para um compromisso. Hapu conta para Pentephres que José encontrou Azenate. O servo garante algumas peças de ouro em troca de uma aliança. Jacó descobre que as dívidas de Judá aumentam cada vez mais, graças a Er. Ele pede que Simeon vá encontrar seu filho em Hebrom. Lia demonstra uma confusão mental cada vez maior. Sati falha ao tentar seduzir José. Pentephres surpreende Azenate ao revelar que sabe sobre seu encontro com José. Azenate inventa uma desculpa para justificar seu encontro e Pentephres demonstra um falso alívio. Ruben tenta se aproximar novamente de Bila, pede perdão e fala sobre seus sentimentos. Ele é expulso da tenda sem perceber que Mara ouvia tudo. Simeon e Levi levam algumas ovelhas para Judá. Eles ficam chocados ao saber que Er agride a própria mãe. Os hebreus conversam sem saber que Er rouba e mata um mercador. Ele sente prazer na violência. Ao se lembrar de José e Raquel, Jacó chora diante de Benjamin. Sati entra no quarto de José, que estava concentrado em escrever seus papiros. Coberta por tecidos transparentes, ela tenta seduzir o hebreu a qualquer custo. Arredio, José evita ao máximo que ela o toque. Sati não desiste e pede para dormirem juntos.
Capítulo 12
Pasmo com o pedido de Sati, José é firme e se nega a atender. Ela tenta, mas José não permite que Sati o toque. Irritada com a resistência, ela se veste e o ameaça. Diná, Bila e Zilpa estranham o comportamento de Lia. Bila afirma que a esposa de Jacó saiu e ainda não voltou. Todas ficam preocupadas. Lia chega a um local afastado sem se dar conta. Uma grande tempestade se aproxima. Judá, Simeon, Levi e Onã saem em busca de Er. Eles encontram o corpo do mercador que cobrou as dívidas de Judá. Sujo de sangue, Er tenta agarra Tamar à força. Mara diz a Naamá que Ruben irá traí-la. Er rasga as roupas de Tamar. Elisa aparece e se coloca à frente. Descontrolado, Er está prestes a agredir a mãe quando Judá chega e o segura. Perverso, Er confessa que matou o mercador. Preocupado, Jacó pede que Ruben reúna os irmãos para encontrar Lia. Er consegue se livrar de Judá, o joga no chão e ainda ameaça. Ele foge. Elisa pede que Judá vá atrás do filho, mas ele se nega. Ela mesma decide ir atrás de Er. Judá a segue, acompanhado por Simeon e Levi. Er é atingido por um raio e morre. Lia fica desorientada com tanta chuva. Apavorada, ela consegue se abrigar. Elisa abraça o corpo inerte do filho. Pela manhã, Ruben encontra Lia. Ele fica confuso com a desorientação de sua mãe. José serve Sati e Potifar no quarto. O hebreu fica extremamente constrangido e não olha diretamente para sua senhora. Depois que Potifar vai embora, Sati segura José, se desculpa, e pede que ele não se afaste. Sedutora, ela tenta se aproximar mais. Muito educado, o hebreu consegue se esquivar e vai embora. Naamá pergunta a Bila se realmente existiu um caso entre ela e Ruben no passado. Ruben chega e Bila sai sem responder. Começa a cerimônia para tornar Azenate uma sacerdotisa. Jetur saqueia uma tumba. Ele é capturado por alguns guardas, mas consegue fugir. Durante a confusão, a liteira de Azenate é posta no chão. José se aproxima, segura a mão de sua amada e adentra a multidão. Um pouco mais afastado, José confessa seu amor e o casal se beija. Confusa, ela pede que José a esqueça. Azenate se afasta correndo, chorando bastante. Sati simula um mal estar e decide voltar para casa. Ela sabe que José ficará sozinho em sua residência. Jacó diz a Judá que, segundo as leis, Onã deve se casar com Tamar. Mara culpa Diná pela morte de seu pai e afirma que a odeia. Sati chega em casa e se banha. Muito sedutora, ela se prepara para seduzir seu escravo. José resiste como pode, apesar de sentir desejo. Sati decide deixar a roupa cair, expondo seu corpo nu. Imóvel, sem saber o que fazer, José ainda resiste. Sati se aproxima e começa a tirar a túnica de José. Sem saída, ele foge correndo. Furiosa, ela percebe que tem a túnica de José nas mãos e começa a gritar. Quando Hapu se aproxima, Sati mente que o hebreu tentou violentá-la. Ela pede que o servo capture José. Em meio à cerimônia, Azenate emite um grito e afirma que não pode se tornar uma sacerdotisa. Hapu consegue capturar José. Sati exige que o hebreu seja trancado e pede que seu marido seja chamado imediatamente.

Mulher de Potifar

Mulher de Potifar

A mulher de Potifar
Mara Bueno Consani

Seu caráter:
Esposa de um egípcio próspero e influente, era infiel e vingativa, pronta para mentir a fim de proteger-se e para arruinar um homem inocente.

Seu sofrimento:
Ser rejeitada por um escravo.

Textos-chave:
Gênesis 39

SUA HISTÓRIA
Não sabemos sequer seu nome. Ela é apenas apresentada como a mulher mimada de um rico oficial egípcio, uma Cleópatra em miniatura, decidida a utilizar seus encantos para seduzir o belo escravo hebreu, José.
Aos 17 anos, seus meio-irmãos, filhos de Lia, haviam vendido José como escravo. Filho favorito de Raquel e de Jacó, José parece ter conseguido, involuntariamente, a inimizade dos irmãos , chegando até a relatar um sonho predizendo que ele, o filho mais novo, reinaria um dia sobre eles. Invejosos, os irmãos simularam a morte de José e o venderam desdenhosamente a comerciantes midianitas a caminho do Egito.
Ali chegando, Potifar, capitão dos executores do faraó, comprou o jovem escravo e confiou-lhe gradualmente a responsabilidade de cuidado de toda a sua casa. Mesmo no exílio, tudo o que José tocava prosperava, como Potifar sem dúvida logo notou.
O capitão da guarda não era, porém, o único egípcio impressionado com José. Sua mulher também o notara. Deixando a sutileza de lado, ela tornou claro seu desejo, convidando José para compartilhar seu leito.
O jovem escravo deve ter surpreendido a rica senhora com sua firme recusa:
- Ele não é mais do que eu nesta casa e nenhuma cousa me vedou, senão a ti, porque és sua mulher: como, pois cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus? (Gn 39.9)
A partir daquele dia, José fez o possível para evitá-la. Mas não tendo muito mais o que fazer para ocupar seu tempo e atenção, a mulher de Potifar simplesmente aguardou a próxima oportunidade, que apareceu quando José entrou na casa, certo dia, para cumprir seus deveres. A sós com ele, agarrou-o pela capa e sussurrou novamente:
- Venha deitar-se comigo!
José, porém, não se deixou convencer e fugiu dela, deixando sua pretensa sedutora sozinha com seu desejo, tendo agarrado, furiosa, a capa dele em seus dedos.
Por temer, talvez, que José contasse a Potifar o acontecido, ela não perdeu tempo em acusá-lo de tentativa de estupro. Quando o marido soube disso, perdeu a calma e enviou imediatamente seu servo favorito para a prisão.
A história de José e de como Deus o abençoou até na cela em que estava preso, capacitando-o a se tornar governante da nação em que entrara como escravo é familiar a todas nós. Mas não temos mais informação alguma sobre a mulher de Potifar. O que aconteceu com ela? O marido suspeitou de sua falsidade? Foi por isso que simplesmente confinou José à prisão, em vez de executá-lo, como tinha todo o direito de fazer? Comparada a José, a mulher de Potifar, protagonista desta história, é uma mulher vazia, cuja alma decaía cada vez mais mediante o poder corrosivo da lascívia e do ódio. Cercada de luxo, ela era espiritualmente pobre. Vazia de Deus, estava cheia de si mesma.

SUA VIDA E SUA ÉPOCA
A vida no Egito
No mundo antigo, o Egito era considerado o celeiro do mundo. O Rio Nilo transbordava regularmente, depositando umidade e sedimentos que tornavam o solo fértil ao longo de seu vale – lugar prefeito para o crescimento de fartas colheitas. O solo fértil, porém, só era encontrado onde as águas do Nilo chegavam, numa divisão tão pronunciada que era possível ficar, literalmente, com um pé no solo produtivo e outro na areia.
Sempre que a fome atingia outras regiões do Oriente Médio, os habitantes famintos corriam para buscar alimentos no Egito: “Havia fome naquela terra; desceu, pois Abrão ao Egito, para aí ficar, porquanto era grande a fome na terra” (Gn 12.10). “Sabedor Jacó de que havia mantimento no Egito, disse a seus filhos: Por que estais aí a olhar uns para os outros? E ajuntou: Tenho ouvido que há cereais no Egito; descei até lá e comprai-nos deles, para que vivamos e não morramos” (Gn 42.1-2).
Além de servir como celeiro de alimentos, havia no Egito muitos projetos arquitetônicos impressionantes. Alguns dos faraós construíram tumbas enormes, nas quais eles e suas famílias seriam introduzidos à vida do além. Os egípcios acreditavam que seu corpo era a casa eterna da alma; portanto, adotaram a mumificação a fim de preservar de tal maneira o corpo dos mortos que muitos existem até hoje.
Os projetos arquitetônicos dos egípcios eram completados a um custo humano tremendo. Os faraós egípcios forçaram os hebreus à escravidão, usando-os para completar seus templos e túmulos. A opressão dos hebreus teve lugar, provavelmente, durante 19º. Dinastia do Egito, sob o faraó Ramsés. Os funcionários daquela época deixaram registros do número de tijolos fabricados a cada dia, assim como as queixas sobre a escassez de palha para os tijolos.
Os templos e tumbas estavam cheios de acessórios de ébano e marfim, de vasos elegantes e de ferramentas de cobre, assim como de jóias de ouro e de ornamentos. Artesãos esculpiam lindas cenas da vida diária nas paredes das tumbas, a fim de prover consolo para quem se achava ali enterrado.
Como esposa de um oficial egípcio de nível elevado, a mulher de Potifar tinha, provavelmente, uma vida de relativo conforto e prosperidade. Segundo a história de Gênesis 39, a casa e os negócios de Potifar prosperaram por causa da influência de José, e “o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; a benção do Senhor estava sobre tudo o que tinham, tanto em casa como no campo” (Gn 39.5).
A história da sedução e do desejo é tão antiga quanto o mundo. As escrituras não registram se José achou a mulher de Potifar atraente e desejável. Esse detalhe poderia ser considerado supérfluo, desde que a rejeitou porque “não podia fazer tamanha maldade e pecado contra Deus”. A mulher egípcia, mais velha, e seus desejos oferecem um impressionante pano de fundo para a pureza de José, tornando sua escolha de andar pelo caminho reto ainda mais evidenciada e bela.


SEU LEGADO NAS ESCRITURAS

Leia Gênesis 39.6-7
51. Que traço de caráter faltava na mulher de Potifar? Por que você acha que ela se sentiu atraída por José, além do fato de ele ser “formoso de porte e de aparência?
52. Como a mulher de Potifar, o que você gostaria de ter que não possui? Seria algo que não deve ter? Caso positivo, peça a Deus que a ajude a arrancar isso do seu coração.

Leia Gênesis 39.9
53. Onde você acha que José obteve seu conhecimento do que era certo e errado e sua capacidade para rejeitar o pecado? Como você pensa que seria a vida de José se ele tivesse cedido à mulher de Potifar?
54. Que herança o pecado ou uma rejeição do pecado deixaram em sua vida?

Leia Gênesis 39.10
55. Por que você acha que José evitou o contato com a mulher de Potifar? Contraste como esses dois personagens responderam a tentação.
56. Se uma tentação de certo tipo insiste em entrar na sua vida, como você reage?

Leia Gênesis 39.16-17
57. A história que a mulher de Potifar contou ao marido era apenas uma farsa, uma invenção. Descreva quais deveriam ter sido, em sua opinião, os sentimentos de José ao ouvir essa “história”.
58. Como a mulher de Potifar, você já acusou alguém injustamente? Quais foram as circunstâncias? Como você lidou com o pecado, nesse caso, e corrigiu o erro?

SEU LEGADO DE ORAÇÃO

Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável. (Sl 51.10).

Medite
Gênesis 39

Louve a Deus
Por que Ele não só mostra o que é certo, como também nos dá forças para resistir a tentação.

Agradeça
Por Ele nos convidar a desfrutar de um relacionamento íntimo com Ele, em vez dos prazeres vazios que este mundo oferece.

Confesse
Qualquer tendência para envolver-se. Emocional ou fisicamente, num relacionamento extraconjugal ou qualquer tendência para cobiçar o que não lhe pertence.

Peça a Deus
Que ajude você a quebrar o hábito de fantasiar sobre os relacionamentos que desejaria ter.

Eleve o coração
Sabemos o que aconteceu com José depois de ter sido acusado falsamente, mas não sabemos nada sobre a mulher de Potifar. Tire um momento para meditar nas terríveis conseqüências a que uma pessoa se submete por dar vazão a sua carnalidade. Como um pecado leva a outro, quando a pessoa percebe, ela está envolvida em um tremendo emaranhado de problemas, para os quais, muitas vezes, não resta saída, senão com um sincero arrependimento e a intervenção divina. Rejeite terminantemente essa situação em sua vida e, se você conhece alguém que esteja numa situação semelhante, você poder oferecer-lhe aconselhamento e ajuda.


Oração
“Senhor, não quero que minha alma se alimente de prazeres vazios, ou anseie por algo que pertence a outrem. Em vez disso, aumenta meu desejo por ei servir e cria em mim um coração puro, um coração que acharás irresistivelmente belo.

Potifar, o eunuco egípcio

Potifar, o eunuco egípcio

José e a esposa infiel de Potifar
Depois de uma troca de postagens no chat da comunidade UBE Blogs, houve a curiosidade e senti vontade de pesquisar sobre quem era de fato Potifar.

Eu já estudei o tema antes e me lembrava que Potifar era retratado como eunuco. Mas, um participante do bate-papo disse-me que havia lido um estudo bíblico que concluía que Potifar não era eunuco. Então, veio em mente escrever sobre o tema e postar neste blog. E fiz isso.
Nos idiomas hebraico e aramaico, o substantivo masculino “eunuco” é “saris” e está inserido como palavra estrangeira na lingua hebraica, usada junto com a ideia de castrar. A palavra é de origem assíria. Ao pé da letra, o termo é interpretado como “na cabeça”, isto é, o chefe, um administrador. Uma antiga tradução siríaca da Bíblia, traduziu o vocábulo como “pessoa de confiança”.
Cogita-se que a razão para essa confiança especial que os eunucos gozavam era porque não tinham a possibilidade de gerar filhos, sendo inférteis não havia motivação para agir de maneira corrupta e nem tentar derrubar governos a fim de beneficiar a família em posições políticas de destaque social.
Normalmente, uma pessoa descrita como "eunuco" era um homem deliberadamente castrado em idade jovem. Não era costume que pessoas nascidas com defeitos físicos nos testículos, problemas congênitos, fossem considerados “eunucos”.
No Antigo Testamento “saris” é traduzido como camareiro treze vezes (2 Reis 23.11;. Ester 1.10-15; 2.3, 14, 15,.21; 4.4-5; 6.2, 14; 7:9) . E eunuco dezessete vezes (2 Reis 9:32;. 20:18;. Isaías 39.7; 56.3-4; Jeremias 29.2: 34.19; 38.7; 41.16; 52.25;. Daniel 1.3-18).
Ver Gênesis 39:1; 40:2, 7; 1 Samuel 8:15;. 1 Reis 22:9;. 2 Reis 8.6; 24.12-15; 25.19;. 1 Crônicas 28.1, 2 Crônicas. 18.8.  
Os eunucos / saris desempenharam papéis importantes na história antiga, nas sociedades chinesa, romana, bizantina, dos impérios otomanos. Eram assessores de alto escalão, ministros de Estado, funcionários que cumpriam papéis burocráticos. Muitos eram encarregados dos aposentos de rainhas e de haréns de reis. Na Europa, meninos eram castrados para que pudessem crescer mantendo a voz estridente e de grande alcance vocal – estes eram conhecidos como “castrati”.
“E os midianitas venderam-no no Egito a Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda” - Gênesis 37.36.
Praticamente, todos os cristãos conhecem a história de José e o episódio em que é comprado como escravo e vai trabalhar para Potifar e nesta ocasião é assediado sexualmente pela esposa dele e injustamente preso.

Abri diversas traduções bíblicas em português em Gênesis 37.36 e 39.1. Nelas, o termo "saris" está vertido como "eunuco" apenas na João Ferreira de Almeida, Edição Revista e Corrigida - na grafia simplificada, 44ª impressão, de 1980, da Imprensa Bíblica do Brasil. Tal versão oferece nota de rodapé, esclarecendo que o "eunuco" do texto era um oficial. Observação: a 54ª impressão, edição de 1982 da mesma editora, é similar. 
Encontramos no relato de Gênesis, capítulo 39, versículo 1 ao 9, o oficial Potifar, eunuco não no sentido literal, pois era homem casado e portanto podemos considerar que não tivesse sua genitália mutilada. Hoje em dia os historiadores estão inclinados a declarar que, fisiologicamente, Potifar não poderia ser considerado como um eunuco. Entretanto, apesar do casamento, há quem cogite que a insistência da esposa de Potifar em tentar um ato de infidelidade conjugal com José, aconteceu porque ele não tivesse capacidade de manter conjunção carnal.
Nem todos os “eunucos” eram castrados, ao menos no Egito. A sociedade egípcia parece ter sentido repugnância ao ato de extrair órgãos do corpo humano.
Segundo historiadores, não há documentos faraônicos indicando que eles ocupassem postos predominantes nos palácios, como guardiões de haréns e escritórios administrativos e conselheiros de monarcas. Não existe nada parecido no Egito com o que havia na Mesopotâmia em relação aos eunucos.
No Egito, existia o uso da atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó. A presença comum nos tempos antigos de homens castrados nas cortes reais mesopotâmicas deve ser o motivo da palavra “eunuco” ter sido difundida de maneira generalizada para pessoas não castradas que exerciam funções importantes junto ao faraó. Ou seja, havia a atribuição apenas para designar os altos funcionários da corte de faraó e Potifar era uma dessas autoridades com o título “eunuco” sem ser mutilado.
Eunuco no Novo Testamento

"Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” – Mateus 19.12.

A palavra usada no idioma grego, nas páginas do Novo Testamento é "eunouchos", da qual temos a nossa palavra eunuco. "Eunouchos" é a junção de eune (cama) e echein (para segurar). A maioria dos estudiosos explica que o termo significa "aquele que guarda a cama." Mas Jesus não teria usado a palavra grega no texto de Mateus 19.12, uma vez que Ele conversava em hebraico.


E.A.G. 
Consultas:
http://wiki.answers.com/Q/Was_Potiphar_a_eunuch
http://wiki.answers.com/Q/How_are_eunuch_born
http://bible.cc/genesis/39-1.htm