Cirurgias
receptivas => São
aquelas que se remove parte do periodonto para sanar ou corrigir algum defeito,
por exemplo, num aumento de coroa clínica, vamos fazer uma osteoplastia,
osteotomia, em que se remove parte do osso. Na Gengivectomia ou Gengivoplastia,
há remoção de tecido mole com certa finalidade.
As cirurgias que visam reconstituir o periodonto são
chamadas de regenerativas, cirurgia plástica periodontal, ou terapia
mucogengival. Essas cirurgias consistem em enxertos gengivais que visam
reconstituir o periodonto de proteção, a gengiva que foi perdida. Ao falar em
periodonto de sustentação, existem dois tipos de cirurgias que podem ser
realizadas:
1.
Reconstituir apenas osso, que seria a regeneração
óssea guiada, em que você deposita apenas enxerto ósseo liofilizado,
um pó que é depositado no defeito.
2. Regeneração tecidual guiada, que visa reconstituir
o periodonto de sustentação como um todo, não apenas osso alveolar, mas osso,
ligamento e cemento. Partimos do seguinte princípio:
Qual o tecido do periodonto de sustentação que possui
células ósseas e células cementares capazes de produzir osso e cemento? É o ligamento
periodontal!
Então, ao se falar em regeneração tecidual guiada
(RTG), estamos falando de fatores de crescimento, colocados dentro dos
defeitos ósseos que estimulem o ligamento periodontal a reconstituir o osso e o
cemento perdidos durante a doença periodontal.
"A regeneração tecidual guiada são procedimentos
que visam restaurar partes perdidas do periodonto de sustentação"
Objetivos da técnica de regeneração tecidual
guiada:
1. Dar nova
inserção periodontal a dentes comprometidos (restaurar a inserção conjuntiva);
2. Diminuir
a profundidade da bolsa periodontal;
3. Diminuir
a quantidade de defeitos ósseos;
A RTG é uma técnica em que não há provas in vivo se
deu certo ou não, como que se provaria a criação de cemento, ligamento
periodontal ou osso alveolar? O osso, nós conseguimos observar
radiograficamente, o cemento basicamente não se cria, é difícil, mas
conseguimos criar ligamento periodontal. Para saber se deu certo
mesmo, teríamos que extrair o dente fazer o exame histopatológico, estudos em
animais indicam que a técnica está no caminho certo e é correta. Consegue-se
diminuir os defeitos ósseos, diminuir a profundidade da bolsa e nova inserção
periodontal.
Cicatrização
periodontal
Existem
quatro tipos de cicatrização no tecido periodontal após o tratamento:
1. Após raspagem e alisamento radicular, conseguimos
um Epitélio Juncional longo, toda vez que
se perde, quando da doença periodontal, e tratamos e removemos o biofilme, a
gengiva consegue uma reinserção no tecido do cemento, pouca, mais consegue, o
que conseguimos mais é o epitélio Juncional longo; Geralmente teríamos o sulco
gengival, e epitélio Juncional e o osso alveolar, este osso é perdido durante o
processo da doença periodontal, se o osso alveolar for reabsorvido, o que fica
no seu lugar após a raspagem e alisamento radicular? O epitélio Juncional que
seria pequeno, numa condição de saúde, se estende até próximo ao osso, é o
chamado Epitélio Juncional Longo. É muito difícil conseguir, após a raspagem,
um osso que volte ao seu estado original, na maioria dos casos, consegue-se com
cirurgia;
2. Na regeneração óssea guiada (ROG) conseguimos
apenas anquilose, quando o osso encosta
na raiz ou cemento, não temos mais ligamento periodontal;
3. Ao se fazer RTG, o que se pretende é criar uma nova inserção, com osso, ligamento periodontal e
cemento;
4. Combinação
Classificação de Goldman e Cohen (defeitos ósseos de 1, 2 ou 3 paredes)
Quanto mais
paredes os defeitos ósseos tiverem, melhor.
Classifica
e dá um prognóstico, indica em quais regiões podemos fazer estes tipos de
cirurgias, seja a ROG ou a RTG:
Existem
defeitos ósseos como Crateras Ósseas Interproximais, em forma de cuia,
entre um dente e outro este procedimento é contra indicado;
Lesão de
Furca, nesta região
consegue-se fazer tanto a ROG quanto a RTG.
O enxerto ósseo, assim como o fator de crescimento,
precisa estar amparado em algum lugar. Não há como pegar um gel e colocar em um
lugar onde não tem base, ele vai para os lados, vai escorrer, a mesma coisa
acontece com o
enxerto ósseo liofilizado, que é um osso triturado na forma de pó.
Quem ampara os enxertos é o próprio osso do defeito.
No caso de enxertos em defeitos ósseos de 3 paredes, o prognóstico
é melhor, pois o enxerto não vai para a vestibular, nem para lingual nem para
mesial, fica bem acomodado. Se o defeito tem apenas uma parede, a
cirurgia está contra indicada, com 2 paredes, tem um prognóstico que não é tão
bom quanto o prognóstico do defeito de 3 paredes, mas ela ainda pode ser
realizada, ainda mais se usarmos uma membrana para segurar o enxerto. Existem
membranas absorvíveis e reabsorvíveis, que servem para criar uma terceira
parede, para acondicionar os enxertos. Ou seja, quanto mais paredes de osso um
defeito tiver, melhor vai ser o prognóstico.
Definição:
Regeneração
Tecidual Guiada = são
procedimentos que visam restaurar partes perdidas do periodonto de sustentação;
Regeneração Óssea
Guiada = são
procedimentos que visam à regeneração de defeitos ósseos, apenas com osso, não
se pretende reconstituir o periodonto de sustentação.
ROG
Existem 3 tipos de produtos que podemos encontrar no
mercado, todos bem sucedidos quanto a diminuição do defeito ósseo:
1. Células formadoras de osso
(osteogênese); é um tipo de
enxerto constituído a base de osteoblastos que é depositado no defeito, a
função do osteoblasto é produzir a matriz óssea, a qual vai formar o tecido
ósseo.
2. Suporte para a formação
óssea (osteocondução);
coloca-se a matriz já formada por células ósseas e depositar no defeito ósseo.
3. Matriz óssea com
substancias indutoras da formação óssea (osteoindução);
induzir o remanescente ósseo a reconstituir o osso, criar matriz, o
aparecimento de células osteoblásticas. Este produto osteoindutor, vai fazer
com que apareça no defeito, células osteoblásticas que vão reconstituir a
matriz.
O objetivo desses materiais é o mesmo, o de diminuir a profundidade do
defeito. Mas as
pesquisas ainda são vagas para indicar qual o melhor dos 3, pois elas são
produzidas pelos próprios fabricantes.
Tipos de
enxertos ósseos
1. Enxertos Autógenos: transplantados de um lugar para
o outro de um mesmo indivíduo; aqueles removidos da própria pessoa, geralmente,
numa cirurgia de campo aberto, em que um retalho é feito, raspar diretamente
por visão aberta e direta da região do defeito, com o próprio cinzel de Austin ao
lado do defeito, ou então com coletor ósseo no sugador cirúrgico, coletando e
depositando no defeito do paciente. Antigamente era feito retirando osso do
ilíaco, que é um osso muito osteogênico, mas eram duas cirurgias, o que se
tornou inviável.
2. Aloenxertos: transplantados entre indivíduos de uma
mesma espécie, existe um banco de osso em Bauru, corre o risco de ter rejeição,
embora seja um risco pequeno, pois eles são tratados.
3. Heteroenxertos ou Xenoenxertos: bastante
utilizados, retirados de um doador de outra espécie, o mais usado é o enxerto
de osso bovino liofilizado e também enxerto de porco, pois são materiais que se
assemelham à hidroxiapatita humana.
4. Materiais aloplásticos, materiais semelhantes à
hidroxiapatita, materiais de implantes que estão sendo utilizados como
substitutos de enxertos ósseos. Não são biológicos.
Os enxertos autógenos são os que apresentam menor
reabsorção e os que têm a melhor taxa de sucesso. Todos os outros, durante o
processo de cicatrização, reabsorvem mais.
RTG
Proliferação e migração de células do ligamento
periodontal, as células que recuperam ou reconstituem o periodonto de
sustentação são as células do ligamento periodontal, que é um dos tecidos mais
ricos do corpo humano (com osteoblastos, cementoblastos, fibroblastos, células
mesenquimais indiferenciadas, células nervosas, células sanguíneas), se
estimular este tecido a reconstituir os outros ao seu redor, ele vai conseguir,
é o que as pesquisas têm mostrado. Além da proliferação celular, e migração
das células do ligamento periodontal, há síntese de matriz extracelular e
diferenciação de cementoblastos e osteoblastos.
Fatores de Crescimento:
É uma classe de hormônios polipeptídicos que estimulam
uma ampla variedade de eventos celulares como proliferação, quimiotaxia,
diferenciação e produção de proteínas matriciais extracelulares. Existem
diversos tipos de fatores de crescimento, os mais utilizados são:
1. Derivados de plaquetas;
2. Semelhante à Insulina;
3. Proteínas ósseas morfogenéticas.
Reconstituir osso é muito difícil após raspagem e
alisamento radicular, pode ocorrer. Se tiver um defeito ósseo vertical e a
raspagem for bem feita, pode ser que ocorra nova inserção, criação de ligamento
periodontal e osso, mas é muito difícil. O que vai haver é o epitélio juncional
longo, até a base do defeito ósseo. O ideal é que o ligamento periodontal
reconstituísse isso, mas o que acontece na maioria das vezes, após a raspagem e
alisamento radicular, é o alongamento do epitélio juncional. Se colocarmos osso
liofilizado ou fator de crescimento e não proteger essa região contra o
epitélio, o epitélio vai invadir este espaço e tomar conta, uma vez sendo o
epitélio um tecido com alta taxa de divisão, pois a criação de novo osso e de
ligamento periodontal, ocorre de maneira rápida, mas não tão rápida quanto a
proliferação epitelial.
Cicatrização
da ferida periodontal
1. Células epiteliais;
2. Células originadas do tecido conjuntivo gengival;
3. Células originadas do osso;
4. Células originadas do ligamento periodontal.
"As células que primeiro repovoarem a raiz,
determinarão a natureza da cicatrização".
Se epitélio colonizar essa região, vai ter epitélio
juncional longo. Se apenas osso povoe essa região, vou ter anquilose, se o
ligamento periodontal reconstitua o tecido, vai haver nova inserção, ou seja,
nova origem e inserção de fibras colágenas no interior da raiz.
O tecido proveniente do osso não possui células com
potencial de produzir nova inserção, o que vai produzir é anquilose;
O ligamento periodontal parece ser o único com a
capacidade de regenerar a inserção periodontal perdida;
Se não colocar algo que impeça o epitélio de migrar
para esta região, ele vai invadir o defeito e a cirurgia vai ter insucesso. Tem
que colocar barreira.
Uso das
Membranas
Podem ser reabsorvíveis ou não reabsorvíveis, elas têm
objetivos de:
1. Impedir o tecido conjuntivo gengival de contatar a
superfície radicular durante a cicatrização; manter este espaço para que o
ligamento periodontal ou osso constituam a região.
2. Proporcionar um espaço para o crescimento do tecido
do ligamento periodontal, como esteja fazendo a RTG. Se tiver fazendo a ROG,
vai manter este espaço até que o osso repovoe a área.
MATERIAIS BIOABSORVÍVEIS:
Evitam a segunda cirurgia;
São materiais de barreira de colágeno.
A única complicação é a possibilidade de ela
reabsorver antes do previsto, antes do tecido abaixo dela estar cicatrizado.
Mas isso depende da fisiologia da pessoa. Pode ocorrer degradação precoce,
crescimento epitelial e perda prematura da membrana.
MEMBRANAS NAO REABSORVÍVEIS:
São mais fáceis de manipular, se adaptam da maneira
que o profissional queira colocar no defeito. As reabsorvíveis são muito moles,
em compensação não precisa de outra cirurgia para retirá-la, o que acaba
mexendo nessa região que esta sofrendo cicatrização; a única desvantagem é a
segunda entrada, que deve ser feita após alguns meses, para remover.
Ao colocar a membrana, não pode ficar exposta na
cavidade oral, tem que ficar totalmente recoberta pelo retalho, a exposição ocasiona
contaminação, o que causa falha no processo.
OBS.: quando reabrimos a ferida, para retirar a
membrana, vamos ver a nova formação óssea, mas o ligamento periodontal não pode
ser visto in vivo.
Fatores que afetam o resultado
São os que basicamente afetam toda cirurgia
periodontal, é uma cirurgia menor, delicada, de tecidos que tem 2 ou 3 mm,
então qualquer anormalidade altera o resultado. Evita-se em pacientes com DP
ativa, que fumem ou que tenham problemas sistêmicos.
Fatores relacionados ao paciente:
1. Ter bom controle de placa;
2. Não deve ser fumante; espera-se uma angiogênese
neste tecido e o cigarro evita essa neoformação de vasos;
3. Nível de
infecção periodontal residual na dentição tem que estar controlada;
4. O paciente tem que ser selecionado, não é qualquer
um que pode fazer este tipo de cirurgia;
Fatores relacionados ao defeito:
1. Prestar atenção na morfologia do defeito; levar a
classificação de Goldman e Cohen sempre em consideração; classificação de
Miller para enxerto gengival, que também dá um prognóstico.
2. Largura e profundidade; quanto mais largo mais
difícil de reconstituir, quanto mais estreito e mais profundo mais se ganha,
pois a parte mais profunda é bem fina.
3. Números de paredes ósseas. Quanto mais paredes o defeito
possuir, melhor.
Fatores relacionados à técnica:
1. Cuidadoso desenho do retalho;
2. Colocação correta do material;
3. Bom selamento da ferida; a barreira não pode ficar
exposta na cavidade oral, senão vai infeccionar;
4. Ótimo controle de placa no pós-operatório;
5. Exposição da membrana.
Muito bom resumo, esclareceu minha duvida sobre a diferença da RTG e ROG.
ResponderExcluirlegal, fico feliz por ter ajudado.
ResponderExcluirParabens pelo trabalho. Seus resumos sao maravilhoso :*
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