terça-feira, 30 de novembro de 2021

ERICKSON, MILLARD J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2015.

 

Millard J. Erickson é Ph.D. pela Northwestern University. Foi professor no Bethel Seminary durante muitos anos. Atualmente leciona no Western Seminary, nos Estados Unidos. No Brasil, tornou-se bastante conhecido por causa desta obra publicada por Edições Vida Nova.

Introdução a teologia sistemática, trata-se de uma obra concisa e profunda. Além de apresentar uma excelente introdução ao assunto, o autor aborda temas como: fazer teologia, a revelação de Deus, a natureza de Deus, a obra de Deus, a humanidade, o pecado, a pessoa de Cristo, a obra de Cristo, o Espirito Santo, Salvação, a igreja, as últimas coisas ou escatologia. É sine qua non adentar no universo protestante acadêmico-teológico sem conhecer a Obra de Millard Erickson, que com seus escritos tem se mostrado um dos maiores teólogos protestantes da atualidade. Obra a qual, portanto, tem o objetivo de oferecer uma preparação e uma transição para o livro Christian Theology. Este livro se harmoniza em estilo e em perspectiva com aquela obra mais ampla, sendo que muitos períodos foram dela copiadas, sem nenhuma modificação. Os estudantes e outras pessoas que desejarem discussões mais longas de algumas das questões aqui levantadas, ou exposições de alguns tópicos não abordados aqui, são incentivados a consultar a outras obras. A posição de Millard J. Erickson é descrito como firmemente evangélico, pois se refere constantemente à tradição da igreja, e também menciona contribuições filosóficas e teológicas modernas, sendo, isto um texto bem atual, conservadora, moderadamente calvinista, batista e pré - milenista pós - tribulacionista.

Estudar teologia de forma de per si não nos traz um bom rendimento, por outro lado, focar em um objetivo seria muito mais proveitoso. Dessarte, pode-se indagar: Qual a contribuição da teologia sistemática? Principalmente no que diz a introdução a teologia sistemática. Enveredado por uma doutrina ampla e bem organizada o livro mostra como o estudo foi de suma importância para o aprendizado dos leitores ao longo dos anos, pois a palavra doutrina pode se mostrar um tanto ameaçadora. O porquê ela evoca visões de crenças muito técnicas, difíceis e abstratas, talvez apresentadas de forma dogmática. A doutrina cristã é apenas a declaração das crenças mais fundamentais do cristão: crenças sobre a natureza de Deus; sobre a ação dele; sobre nós, que somos criaturas dele; e sobre o que Deus fez para nos trazer à comunhão com ele. Destarte a obra de Millard J. Erickson tem uma ênfase bíblica muito forte, tornando-se uma persona grata, por esta contribuição. A teologia sistemática não examina cada livro da Bíblia separadamente, mas procura juntar em um todo coerente o que toda a Escritura afirma sobre dado tópico, tal como o pecado do homem.

Millard J. Erickson relata contribuições importantes nos primeiros capítulos porque menciona debates importantes sobre a natureza da teologia e o método teológico e as contextualizações deles, ou seja, aprecia-se como um dos melhores capítulos da obra citada. Ora o alvo do labor teológico é reconceituar verdades bíblicas atemporais de forma que sejam compreensíveis às pessoas que vivem hoje. No tocante o contexto contemporâneo da teologia, as abordagens para atualizar as mensagens cristãs, o elemento permanente no cristianismo, a natureza da atualização e os critérios de permanência na doutrina.

Millard J. Erickson explana de forma clara a natureza do pecado, mas mesmo assim, o autor do livro menciona que a doutrina do pecado não é um tópico fácil de discutir em nossos dias. Há vários motivos para isso. Um, é que o pecado, como a morte, não é um assunto agradável ou divertido. Ele nos deprime. Não gostamos de pensar em nós mesmos como pessoas ruins ou más. Mas a doutrina do pecado nos ensina que é isso que somos por natureza. Não só os indivíduos reagem contra esse ensino negativo, como se difunde, em nossa sociedade, uma ênfase na atitude mental positiva. Essa ênfase quase tem se tornado um novo tipo de legalismo, em que a proibição principal é: “não dirás nada negativo”. Embora muitas pessoas desconheçam o tópico ou sintam-se incomodadas com ele, é imperativo discutirmos essa doutrina. A Bíblia apresenta uma série de perspectivas quanto a natureza do pecado. O pecado é uma inclinação interior, ou seja, o pecado não é simplesmente atos errados, mas também pecaminosidade. É uma disposição interior inerente que nos inclinar para atos errados. Aqui, os motivos são praticamente tão importantes quanto as ações. Assim, Jesus usou, para condenar a ira e a cobiça, a mesma veemência que usou contra o homicídio e o adultério (Mt 5:21-22, 27,28). Pecado é rebelião e desobediência. A Bíblia entende que todas as pessoas estão com a verdade de Deus. Paulo nota que isso inclui até mesmo os gentios, que, embora não tenham a revelação especial, têm a lei de deus escrita no coração (Rm 2:14,15). A incapacidade de crer na mensagem, particularmente quando ela é apresentada de forma expressa e exclusiva, é desobediência ou rebelião contra Deus. Deveras o pecado implica incapacidade espiritual. Ele altera nossa condição interior, nosso caráter. Ao pecar, tornamo-nos como que deformados ou distorcidos. O pecado é o cumprimento incompleto dos padrões de Deus. Um elemento comum que perpassa todas as características bíblicas do pecado é a ideia de que o pecador falhou no cumprimento da lei de Deus. Pode também ser classificado como o desalojar Deus. Colocar outra coisa, qualquer coisa, no lugar supremo que pertence a Deus é pecado.

O ensino Bíblico da perspectiva evangélica, o problema está no fato de que os homens são pecadores por natureza e vivem num mundo em que forças poderosas os induzem a pecar. É importante observar em primeiro lugar que o pecado não é causado por Deus. Tiago descarta rapidamente essa ideia que seria, provavelmente, muito atraente para alguns: ninguém, ao ser tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo ninguém tenta.

Fato ao qual chamou atenção foi a Salvação, por conseguinte a doutrina da salvação abrange uma área ampla e complexa do ensino bíblico e experiência humana. Dessarte, é necessário distinguir entre as suas diferentes facetas. Embora pudéssemos organizar o material de muitas formas diferentes, optou-se por utilizar um regime temporário, de acordo com a princípio, e depois conclusão. Capítulos 45 e 46 negócio com o começo da vida cristã. A conversão e a regeneração (Capítulo 45) são aspectos subjetivos do início da vida cristã; quantidade de mudança dentro de nós mesmos, a nossa condição espiritual. A conversão é esta mudança visto a partir da perspectiva humana; regeneração é a alteração a partir da perspectiva de Deus. A união com Cristo, justificação e aprovação (capítulo 46), por outro lado, são os aspectos objetivos do início da vida cristã; principalmente os relacionados com o relacionamento entre as pessoas e Deus. No entanto, como todos os seres humanos estão perdidos no pecado, espiritualmente cegos e incapazes de acreditar, Deus deve intervir atuando em algum momento entre a sua decisão eterna e a conversão do indivíduo dentro do tempo. Esta atividade se chama Deus ou dinheiro recurso especial.

Para a Escritura é claro que há uma chamada geral para a salvação, um convite a todas as pessoas. Jesus disse: "Vinde a mim, todos os que estais e estão sobrecarregados, e eu vos aliviarei" (Mateus 11:28). Há uma dimensão universal à declaração encontrada em Isaías: "Olhai para mim, e sereis salvos, todos os confins da terra" (Is. 45: 22a). Esta passagem combina uma ênfase na exclusividade da universalidade de Deus com a sua oferta. Além disso, quando Jesus disse: "Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos" (Mateus 22:14) foi provavelmente referindo-se ao convite universal de Deus. Mas note a distinção aqui entre chamada e escolha. Aqueles que são escolhidos são os objetos especiais de Deus chamada ou dinheiro.

Várias referências no Novo Testamento à chamada de Deus significa que nem todo mundo vai ser chamado. Por exemplo, em Romanos 8:30, Paulo escreve: "E aos que predestinou, também os chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. "Aqui as classes dos predestinados, chamados, justificados e glorificados parecem ter a mesma extensão. Se assim for, as chamadas devem ser eficazes, daqueles que são chamados realmente salvou. Também, refere-se à eficácia desta chamada em 1 Coríntios 1: 9: "Deus é fiel, por quem fostes chamados à comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor." Outras referências ao chamado de Deus em dinheiro especial incluem Lucas 14:23; Romanos 1: 7; 11:29; 1 Coríntios 1: 23-24, 26; Efésios 1:18; Filipenses 3:14; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Tessalonicenses 2:14; 2 Timóteo 1: 9; Hebreus 3: 1; 2 Pedro 1:10.

A vida cristã, pela sua própria natureza e definição, representa algo muito diferente da forma como eles viviam antes. Em contraste com a morte do pecado e falhas, é uma nova vida. Embora ao longo da vida e até mesmo a eternidade, tem um ponto de partida particular. "Uma viagem de centenas de quilômetros começa com um único passo", disse o filósofo chinês Lao-tzu. E assim é com a vida cristã. O primeiro passo da vida cristã é chamada conversão. O ato de virando as costas para o nosso pecado e se arrepender voltar-se para Cristo em fé. A imagem de afastar-se do pecado é encontrada tanto no Antigo e Novo Testamento. No livro de Ezequiel lemos a palavra de Deus ao povo de Israel: "Por isso, ó casa de Israel, vou julgar cada um segundo os seus caminhos, diz o Senhor.

No entendimento de Millard J. Erickson, a conversão, ou seja, o envolvimento do arrependimento e fé ocorre antes da regeneração. Uma questão observada que o livro não menciona é o alcance da expiação, e isto talvez seja compreensível, em parte, levando em conta o público-alvo da referida obra. Também não é mencionada nem debatida a doutrina dos pactos e alianças. No restante, Millard J. Erickson expõe com maestria as doutrinas bíblicas da predestinação, justificação, união com Cristo, santificação, perseverança e glorificação.

A obra, ou seja, o livro de Millard J. Erickson é de excelente qualidade, sendo um livro de fácil manuseio, pode-se, portanto, dizer que: a relevância para os interessados nas doutrinas cristãs históricas são sine quibus non ao bom estudo e conhecimento dos assuntos.

Millard J. Erickson produziu um trabalho que beneficiará pastores e leigos que procuram um resumo moderno, completo e acessível dos ensinos cristãos históricos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário