domingo, 8 de março de 2015

(Aula III) Interrelação entre Periodontia, Dentística, Prótese e Ortodontia.



Iremos frisar a saúde do periodonto para evitar problemas iatrogênicos.
Fatores Predisponentes ou co-fator
         Trauma Oclusal
         Iatrogenia (o que mais causa doença periodontal pela restauração mal adaptadas, sem ponto de contato).
         Fatores Genéticos (às vezes existe paciente que a mãe já tem certa informação e observa isso nos filhos e encaminha logo para fazer um tratamento com o especialista para evitar que o paciente desenvolva a doença).
A periodontia não é só raspagem ou só tratamento da doença periodontal; é uma área da odontologia que vai interagir com todas as outras disciplinas.
Se um paciente tem NIC muito alto, primeiro você vai tratar a doença periodontal, para só depois poder colocar uma restauração, uma coroa.
O espaço biológico tem uma distância de aproximadamente 3 mm entre a crista óssea e a margem gengival.
Partes do espaço biológico:
·         Sulco gengival ou epitélio sulcular ou epitélio do sulco.
·         Epitélio Juncional
·         Inserção conjuntiva
Descrição: C:\Users\Helinaldo\Videos\periodonto14.png
Quando inserimos a sonda periodontal a gente afasta todo esse epitélio, por que ele está aderido mais não está preso. Por isso, quando sonda vai até 3 mm é considerado normal, mas essa distância pode ser maior em pacientes que tiveram perda óssea, no entanto, não tem doença periodontal, por exemplo.
Existe uma diferença entre o sulco gengival histológico e o sulco gengival clínico:
·         Sulco gengival histológico - pode variar de 0,5 a 0,8 mm. (paciente saudável)
·         Sulco gengival clínico - é o onde se insere a sonda e vai de 2 a 3 mm. (varia de pessoa para pessoa)
Quando fazemos uma restauração ela deve ficar no sulco gengival histológico e não no sulco gengival clinico.
Uma das situações mais críticas na odontologia são os preparos subgengivais. Teremos situações em que o preparo será subgengival, mas tem que ser feito só dentro do sulco gengival (histológico). Quando for fazer uma restauração tem que entrar 0,5mm.
Observação: Não podemos fazer preparo de 2 a 3 mm porque estaremos invadindo o espaço biológico. Devemos também observar a mucosa queratinizada, principalmente em classe V, por exemplo, o dente que possui uma mucosa queratinizada de 0,5 mm e precisamos fazer um preparo subgengival, quando colocarmos uma coroa a gengiva pode retrair. Então, para fazermos uma restauração precisamos de uma quantidade de gengiva queratinizada de 2 mm. Isso é suficiente para que a gengiva não sofra retração.
Outros aspectos relevantes:
·         Em coroas clinicas curtas devemos respeitar o espaço biológico; deve-se, primeiro, fazer um aumento de coroa por meio de cirurgias.
·         A margem gengival da restauração deve estar supragengival - nunca restaurar dentro da gengiva (entrar, no máximo, 0,5 mm subgengival).
·         Contorno da restauração - ponto de contato é importante para saúde gengival. Se não reestabelecer o ponto de contato ou se estiver em excesso, o paciente não conseguirá higienizar, passar o fio dental, haverá acúmulo de biofilme, impactação alimentar, inflamação e possível bolsa no futuro.
·         Devolução da anatomia dental – se não devolver a anatomia corretamente, isso refletirá no periodonto.
É importante que o paciente tenha uma quantidade mínima de gengiva queratinizada, quando se vai fazer uma restauração subgengival. Quando faz a restauração dentro dos 0,5 mm, não vai ter problemas para o periodonto; isso vale para coroa individual, restauração classe V, etc. o término gengival deve respeitar sempre essa distância de 0,5 mm, tanto para proteção do periodonto como para melhorar e estética.
Limite cervical de restaurações protéticas:
Indicações do término subgengival: estética, retenção, cáries, troca de restauração, erosão, fraturas sensibilidades dentinárias.
Nos casos de classe V, ou lesão de abfração - o preparo subgengival deve se estender no máximo 0,5 mm do sulco gengival histológico.
O espaço biológico é uma entidade que não deve ser violada. Sua invasão durante o preparo pode causar:
·         Inflamação crônica (Hiperplasia gengival).
·         Perda óssea alveolar - uma simples gengivite por muito tempo pode se transformar em periodontite.
·         Resseção gengival - às vezes não forma osso, mais retrai a gengiva.
·         Formação de bolsa periodontal, devido à fatores iatrogênicos.
Estudos apontam que a doença periodontal causada por fatores iatrogênicos, que é justamente a invasão do espaço biológico, é muito maior do que pacientes que tem a doença periodontal mesmo. Ou seja, fatores iatrogênicos levam ao surgimento de uma doença periodontal localizada naquele local em que foi feita uma restauração subgengival de maneira inadequada. E não é só a invasão do espaço biológico, é o contorno da restauração, o polimento, o ponto de contato, tudo isso influência.
A gengiva queratinizada é chamada de mucosa queratinizada favorável, porque ela tem uma boa qualidade e é mais espessa. A quantidade de gengiva queratinizada mínima é de 2 mm quando for fazer restauração subgengival se não tiver, corre o risco da gengiva retrair. Às vezes pode ser necessário lançar mão de um enxerto gengival para tornar a gengiva mais forte e resistente à impactação alimentar.
Em casos de coroa clinica curta, devemos lançar mão de um procedimento cirúrgico de aumento de coroa clinica para deixar um espaço maior para que haja retenção mecânica. A primeira coisa que acontece, nesses casos de coroa clínica curta quando a cárie invade o espaço biológico, é a gengiva sofrer hiperplasia, principalmente em pacientes jovens.
Movimentação ortodôntica - as bandas não podem entrar muito na gengiva senão o paciente vai ter gengivite e periodontite; na colagem dos braquetes, tem que fazer um bom acabamento para não deixar resina dentro do sulco gengival; isso pode causar uma gengivite.
Pouca gengiva queratinizada tem maior propensão à recessão.
Tipos de periodonto de risco – tecido queratinizado reduzido menos que 2 mm e a espessura vestíbulo-lingual reduzida, clinicamente é um periodonto fino; quando for fazer uma restauração classe V tem que ter bastante cuidado: antes de pensar em restaurar tem que pensar em reposicionar ou cobrir essa gengiva. Existem casos em que o processo alveolar será fino, mas haverá uma borda de tecido gengival mais espessa, com mais de 2 mm. Esse tecido é mais favorável para que não haja recessão.
A linha do sorriso é importante – verificar - se, quando o paciente sorri, aparece a margem da gengiva. Então quando você for fazer uma cirurgia periodontal, você tem que avaliar tudo isso. Por exemplo: aumento de coroa clínica do elemento 21, se a pessoa sorri e aparece à gengiva, você vai ter que fazer a cirurgia de canino a canino senão vai parecer que só aquele dente é maior. Tem que harmonizar a estética branca com a estética vermelha.
Restaurações temporárias e Provisórias são as chaves de sucesso para o tratamento protético e também do periodontal.
Requisitos:
·         Proteger as superfícies preparadas
·         Apresentar boa adaptação marginal - na margem da gengiva esse provisório tem que estar liso e ter um bom acabamento;
·         Restabelecer o contorno apropriado – não pode ter sobrecontorno,
·         Fornecer função oclusal adequada;
·         Apresentar estética agradável;
·         Restabelecer o ponto de contato.
Ex: Paciente com diastema: Com a sondagem periodontal, ele tinha uma bolsa de 4mm. Como foi feito o ponto de contato, a própria gengiva foi fechando esse espaço negro porque a anatomia e o espaço biológico foram respeitados.
1.      Preparo inicial – faz uma raspagem, orienta a higiene oral, elimina os fatores retentores de biofilme, confecciona provisórios bem adaptados e polidos, obedecendo às estruturas anatômicas de oclusão; se fizer o preparo e não colocar o provisório, dentes tanto de cima quanto de baixo podem extruir.
2.      Faz adequação do meio bucal (exodontia, eliminar tecido cariado, tratamento de lesões endodonticas, excesso de restaurações, próteses mal adaptadas e eliminar a impactação alimentar).
Podemos concluir que planejamento e execução de um tratamento odontológico deve ter uma visão multidisciplinar proporcionando atendimento otimizado e preparando o acadêmico para o mercado de trabalho.

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