domingo, 8 de março de 2015

(Aula VII) Tratamento cirúrgico das bifurcações



O conhecimento detalhado da morfologia dos dentes multirradiculares e de suas posições no arco é um pré-requisito fundamental para a compreensão adequada dos problemas que podem ocorrer quando esses dentes são envolvidos por uma doença periodontal destrutiva. (Lindhe, 2011).
O complexo radicular é a porção dos dentes localizada apicalmente à junção cemento esmalte (JCE), a porção normalmente coberta pelo cemento radicular. O complexo radicular pode ser dividido em duas partes: o tronco radicular e os cones radiculares. (Lindhe, 2011).
O tronco radicular apresenta a região não dividida da raiz. A altura do tronco radicular é definida como a distância entre a JCE e a linha de separação (furca) entre dois cones radiculares (raízes). Dependendo da posição da linha de separação, a altura do tronco radicular pode variar de uma superfície para outra no mesmo molar ou pré-molar. (Lindhe, 2011).
O cone radicular encontra-se na região dividida do complexo radicular. O cone radicular (raiz) pode variar em tamanho e posição, e, em algumas áreas, pode estar unido ou separado de outros cones radiculares. Dois ou mais cones radiculares formam a região de furca do complexo radicular. A furca é a área localizada entre os cones radiculares. (Lindhe, 2011).
A entrada da furca é a área de transição entre a parte não dividida e aparte dividida da raiz. O fórnix da furca é o teto da furca. (Lindhe, 2011).
A furca torna-se uma área problemática tanto para acúmulo de depósito de microrganismo como para a dificuldade de tratamento periodontal.
Tratamento das lesões de furca
·         Raspagem e alisamento radicular menos favorável
·         Maior risco de progressão da doença periodontal
Aspectos anatômicos
·         Interfurca => área entre 3 ou mais raízes
·         Bifurcações => 2 ou mais raízes
·         Pré – furca => JCE e início da furca
Classificação das lesões de furca
·         Grau I => Perda horizontal dos tecidos de suporte não excedendo 1/3 da largura do dente.
·         Grau II => Perda horizontal dos tecidos de suporte excedendo 1/3 da largura do dente, mas não envolvendo toda a largura da área de furca.
·         Grau III => Destruição horizontal “lado a lado” dos tecidos de suporte na área de furca. (Lindhe, 2011).
Descrição: C:\Users\Helinaldo\Videos\perio000003.jpg
Terapia das Furcas
·         Furca I => Raspagem e alisamento radicular, plastia de furca.
·         Furca II => Plastia de furca
                     Tunelização
                     Ressecção radicular
                     Extração dentária
                     Regeneração Tecidual Guiada dos molares inferiores
                    
·         Furca III => Tunelização
                  Ressecção radicular
                  Extração dentária
Observe: Teremos maior previsibilidade quando o paciente não perdeu osso na interproximal.
Lembrando furca, pois dentro de uma enxertia ganhamos em espessura e quase nada em altura óssea. Quando colocamos o material ósseo condutor ou osteogênico e/ou indutor. De onde vêm os osteoblastos que irão povoar a área de enxerto provocando mitogênese?  Osso remanescente, portanto, quanto mais osso temos ao redor do defeito mais chance se tem de regenerar.  Temos, portanto tecido de granulação, osso e membrana mais RTG, tudo isso quando temos uma lesão de grau II em molares inferiores, ou seja, o osso da interproximal esta dentro de uma normalidade ou perda menor. A plastia será usada quanto à perda óssea é pequena, então, modelamos a anatomia na área acompanhando a anatomia da raiz para que não tenhamos um degrau desse defeito. Bem como nos facilite a cicatrização de tecido na área e facilite a higienização pelo paciente.
Fatores para o comprometimento de furca
Origem periodontal
·         Impactação alimentar
·         Restauração inadequada
·         Prótese Mal – adaptada
·         Restaurações subgengivais (por não respeitar o espaço biológico de aproximadamente 3 mm da crista óssea a margem gengival)
Origem endodôntica
·         Doenças Pulpares (canais acessórios)
·         Trauma oclusal (sobre carga nos dentes que tem furca)
·         Lesões endo – perio
Tratamento
·         Fator determinante (estética, função e saúde periodontal), essa tríade deve ser avaliada sempre.

Raspagem e alisamento radicular
Raspagem e alisamento das superfícies radiculares na área da entrada da furca com envolvimento grau I na maioria das situações resultam na eliminação da lesão inflamatória na gengiva. A cicatrização restabelecerá uma anatomia gengival normal com uma adaptação adequada dos tecidos moles sobre os tecidos duros das paredes da entrada da furca. (Lindhe, 2011)
Plastia de Furca
A plastia de furca é uma modalidade de tratamento ressectivo que pode levar à eliminação do defeito interradicular. O tecido dentário é removido (odontoplastia) e a crista óssea é remodelada (osteoplastia) no nível da entrada de furca. (Lindhe, 2011)
A plastia de furca é utilizada principalmente nas furcas vestibulares e linguais. Nas superfícies proximais, o acesso frequentemente é muito limitado para esse tipo de tratamento. (Lindhe, 2011)
Tunelização=> É expor a região de furca pela perda óssea existente para facilitar a higienização pelo paciente. A Tunelização é uma técnica utilizada no tratamento de defeitos de furca grau II profundo e grau III em molares inferiores. Esse tipo de terapia ressectiva pode ser indicado para molares inferiores que possuem um tronco radicular curto, um amplo ângulo de separação e uma grande divergência entre as raízes mesial e distal. O procedimento inclui a exposição cirúrgica e o tratamento de toda a área da furca do molar afetado. (Lindhe, 2011)
Anestesia e retalho total, pois incisões relaxantes são opções depende muito do operador.
Grau III em molares inferiores raízes divergentes e grandes porque é mais fácil higienização.
Contra indicação:
·         Higiene oral deficiente
·         Raízes curtas
·         Tendência a cárie
·         Osteotomia excessiva
Observação: A raiz mais importante nos Molares superiores é a palatina e nos molares inferiores é a distal.
Ressecção radicular => Implica a separação completa do complexo radicular e a manutenção de todas as raízes. A ressecção radícula implica a separação e a remoção de uma ou duas raízes de um dente multirradicular. A hemissecção e a ressecção radicular frequentemente são utilizadas em casos de molares com envolvimentos de furca grau II avançado e grau III e em raízes divergentes e grandes.
Antes da realização da hemissecção e da ressecção radicular, os seguintes fatores devem ser considerados:
·         Comprimento do tronco radicular
·         A divergência entre os cones radiculares
·         O comprimento e a forma dos cones radiculares
·         Fusão entre os cones radiculares
·         Quantidade de suporte remanescente ao redor de cada raiz.
·         Estabilidade individual da raiz
·         Acesso para dispositivo de higiene oral
Indicação
·         Perda grave do osso em uma raiz
Contra indicação
·         Proporção raiz coroa desfavorável
·         Fusão radicular
·         Higiene difícil
·         Mobilidade excessiva
·         Dificuldade no tratamento endo/ dentística posterior
·         Raiz curta com bifurcações.
Técnica cirúrgica
·         Anestesia
·         Incisão (intra sulcular e relaxante (opcional))
·         Retalho de espessura total
·         Amputação da raiz com brocas => exodontia do resto da raiz.
·         Raspagem e alisamento radicular das raízes
·         Cimento cirúrgico
·         Bochecho com clorexidina
·         Medicação sistêmica
Hemissecção=> mais indicada em região de furca de dentes inferiores.
·         Indicação: Falha endodôntica em uma raiz
·         Contra indicação: Mobilidade excessiva e fusão radicular.

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