quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

doenças da polpa

 

DOENÇAS DA POLPA E DO PERIÁPICE

 

PULPITE:

É a inflamação da polpa dentária, um tecido conjuntivo especializado localizado no interior do órgão dentário e revestido de tecidos mineralizados.

      Quando um estímulo externo atinge um nível nocivo, ocorrem a desgranulação dos mastócitos, a diminuição do fluxo de nutrientes e o dano celular. São liberados numerosos mediadores inflamatórios (ex.: histamina, bradicina, neuroquinina, neuropeptídios, prostaglandinas). Esses mediadores causam vasodilação, aumento do fluxo sanguíneo e extravasamento vascular com edema. No entanto, a polpa dentária localiza-se em uma área muito limitada. A dilatação ativa das arteríolas proporciona um aumento na pressão pulpar e a compressão secundária do retorno venoso, a qual leva a estrangulação do fluxo arterial. A elevação das pressões pulpares, associada ao acúmulo de mediadores, pode levar ao dano vascular, ‘a inflamação pulpar e à necrose tecidual.

PRINCIPAIS ESTIMULOS NOCIVOS:

  1. Dano mecânico: acidentes traumáticos, iatrogenias por procedimentos dentários, atrição, abrasão e alterações barométricas.
  2. Injúria térmica: podem ser transmitidos através de grandes restaurações metálicas não isoladas, como preparo de cavidades, polimentos e reações químicas exotérmicas dos materiais dentários.
  3. Irritação química: podem resultar de erosão ou pelo uso inadequado de materiais dentários ácidos.
  4. Efeitos bacterianos: as bactérias podem irritar a polpa através de toxinas ou diretamente por extensão de cáries ou transporte via vascular.

Pode ser classificada como: aguda ou crônica, subtotal e generalizada, infectada ou estéril.

 

PULPITE REVERSÍVEL

      Denota um grau de inflamação pulpar no qual o tecido é capaz de retornar ao estado normal se os estímulos nocivos forem removidos.

Clínicas: expostos a temperaturas extremas apresentam dor de intensidade leve a moderada, de curta duração. Embora o calor possa desencadear a dor, o dente afetado responde mais fortemente aos estímulos frios (gelo, bebidas e ar frio). A dor não ocorre na ausência de estímulos e regride segundo após sua remoção.

Histopatológicas:

Demonstra hiperemia, edema e um infiltrado celular inflamatório crônico abaixo da região dos túbulos dentários afetados. Pode ser observada dentina secundária reparadora na parede dentinária adjacente e células inflamatórias agudas dispersas.

Tratamento e prognóstico: é tratada pela remoção do irritante local.

 

PULPITE IRREVERSÍVEL

      Significa que foi desenvolvido um nível mais alto de inflamação no qual a polpa dentária sofreu um dano além da possibilidade de recuperação.

Clínicas:

      Costumam sentir uma dor aguda, acentuada após estímulos térmicos e a dor continua após cessado o estimulo, a dor pode ser espontânea ou continua, e ser exacerbada quando o individuo se abaixa. O dente responde ao teste pulpar elétrico em níveis mais baixos de corrente.

Histopatológicas:

      Demonstra congestão das vênulas, que resulta em necrose focal. Esta zona de necrose contem leucócitos polimorfonucleares e histiócitos. O tecido pulpar circunjacente exibe fibrose e uma mescla de plasmócitos, linfócitos e histiócitos.

Tratamento e prognóstico:

      Tratadas por extração ou por tratamento endodôntico.

 

Alterações inflamatórias propriamente ditas (irreversível)

 

  1. PULPITE AGUDA SEROSA

A condução de estímulo sensorial da polpa para o córtex cerebral se dá por fibras nervosas A Delta mielinizadas o que leva do ponto de vista prático-clinico ao reconhecimento específico e pontual do dente comprometido pela pulpite.

É o estágio mais inicial da pulpite aguda, caracterizada por fenômenos vasculares e formação de exsudato seroso.

Histopatológicas:

Caracteriza-se pela presença de congestão, edema, infiltração moderada de neutrófilos, e pode apresentar também desorganização da camada odontoblástica próxima a área envolvida.

 

2. PULPITE AGUDA PURULENTA

      Evolução do quadro seroso, pelo fato de ocorrer destruição de tecido pulpar em decorrência do processo purulento as fibras nervosas que conduzem o estímulo ao córtex cerebral são fibras amielinícas de tipo C, que diferentemente da fibra a delta conduz o estimulo lentamente e passa por vários processos de modulação no caminho o que leva a um padrão de dor de reconhecimento de fuso, às vezes paradoxal.

      É uma forma de inflamação aguda caracterizada pela formação de áreas de abscesso na polpa dental.

Histopatológicas:

      A pulpite aguda é caracterizada pela predominância de polimorfonucleares no exsudato. São observados também destruições localizadas e formação de microabscessos contendo pus.

 

3. PULPITE CRÔNICA ULCERATIVA

      Caracteriza-se pelo quadro de uma inflamação crônica, com exposição pulpar ulcerada. Pode ser observada infiltração da polpa dental com células redondas mononucleares, capilares dilatados e fibras colágenas quase sempre reunidas em feixes. Por vezes encontra-se microabscessos circundados por uma parede de tecido conjuntivo fibroso.

 

4. PULPITE CRÔNICA HIPERPLÁSICA

     Uma inflamação pulpar com um padrão único. Também denominada de pólipo pulpar, caracteriza-se pela intensa proliferação de tecido cronicamente inflamado, em polpa exposta dotada de alta resistência.

Histopatológicas:

      Apresenta uma cobertura de tecido de granulação inflamado subagudo, que lembra o observado no granuloma piogênico. A superfície do pólipo pode ou não ser coberta por epitélio pavimentoso estratificado, que migra de gengiva adjacente ou se origina do epitélio descamado contido nos fluídos orais. O tecido pulpar profundo apresenta um infiltrado inflamatório crônico.

 

      A pulpite aguda pode levar a necrose por dois motivos:

·         A polpa estar circundada por tecido morto (esmalte);

·         A vascularização ser terminal levando a necrose do tecido.

·          

NECROSE PULPAR

     A necrose pulpar é o resultado final das alterações inflamatórias da polpa dental.

      Coagulação, Gangrena que é a necrose de coagulação pelo tecido devido ao colapso circulatório e liquefação que é a necrose úmida, a polpa é liquefada.

      Os produtos finais da necrose pulpar (gases, amônia, indol, cadeverina) associados ou não a produtos bacterianos...

 

PERICEMENTITE

     Refere-se à massa de tecido de granulação cronicamente inflamado, no ápice de um dente desvitalizado.

Clínicas

     A maioria dos granulomas periapicais é assintomática, mas pode desenvolver dor ou sensibilidade se ocorrer uma exacerbação aguda. O dente envolvido não apresenta mobilidade ou sensibilidade significativa à percussão. O tecido mole que recobre a região periapical pode ou não estar sensível. O dente não responde aos testes pulpares térmicos ou elétricos, a menos que a necrose pulpar esteja relacionada a um único canal em um dente multiradicular.

Radiográficas

      Observa-se uma radiotransparência de tamanho variável, e o dente afetado mostra a perda da lamina dura apical. A lesão pode ser bem delimitada ou mal definida. O tamanho é variável, ocorrendo lesões pequenas, pouco perceptíveis.

Histopatológicas

     Consistem em tecido de granulação inflamado, circundado por uma capsula de tecido conjuntivo fibroso. O tecido de granulação apresenta infiltrado linfocitico denso variável, freqüentemente associado a neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, menos freqüentemente, mastócitos e eosinófilos.

      Os restos epiteliais de Malassez podem ser identificados no tecido de granulação. Coleções de cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas associadas e áreas de extravasamento de hemácias com pigmentação por hemossiderina podem estar presentes.

Tratamento e prognóstico

     As lesões inflamatórias apicais resultam da presença de bactérias ou de seus produtos tóxicos no canal radicular, nos tecidos apicais ou em ambos. O sucesso do tratamento centraliza-se na redução e eliminação dos microorganismos agressores. Se o dente puder ser mantido, o tratamento endodôntico deverá ser executado. Os elementos sem possibilidades restauradores devem ser extraídos, seguido pela curetagem de todo o tecido mole apical.

      Os osteoclastos são ativados pelos linfócitos T CD4 levando ao processo inflamatório crônico levando ao granuloma.

→Por que o abscesso cronifica?

Por alguma intervenção com medicamento diminuindo a concentração de bactérias e levando a granuloma.

→ Do que é composto o granuloma apical?

Linfócitos, plasmócitos, macrófagos, fibroblastos, fibras colágenas capilares e restos epiteliais de Malassez...

 

CONCEITO DE CISTO

      É uma cavidade patológica revestida por epitélio contendo em seu interior substância líquida ou semi-sólida.

      O cisto é precedido pelo granuloma.

      O cisto baía é o cisto que está ligado à extremidade apical do dente.

 

CISTO PERIAPICAL (CISTO RADICULAR; CISTO PERIODONTAL APICAL)

      O epitélio do ápice de um dente necrosado presumivelmente pode ser estimulado pela inflamação para formar um cisto verdadeiramente revestido por epitélio, ou cisto periapical. A resposta inflamatória parece aumentar a produção do fator de crescimento de ceratinócitos pelas células do estroma periodontal, levando ao aumento de proliferação do epitélio sadio na região. A fonte epitelial é comumente os restos epiteliais de Malassez, mas também pode ser relacionada ao epitélio crevicular, ao revestimento sinusial, ou ao revestimento epitelial dos trajetos fistulosos.

     Os cistos periapicais são caracterizados por uma cápsula de tecido conjuntivo fibroso revestido por epitélio com um lúmen contendo líquido e restos celulares. Teoricamente, à medida que o epitélio se descama para o interior do cisto, aumento o conteúdo de proteína. O líquido entra no lúmen, na tentativa de equilibrar a pressão osmótica, e ocorre um crescimento lento.

Características clínicas e radiográficas

 

·         Cistos periapicaisnão apresentam sintomas, a menos que exista uma exacerbação inflamatória aguda. Além disso, se o cisto atingir um tamanho grande pode ser observadas tumefação e sensibilidade leve. Com o crescimento do cisto, podem ocorrer mobilidade e deslocamento dos dentes adjacentes. O dente de origem não responde ao teste pulpar térmico e elétrico. Radiograficamente, é idêntico ao do granuloma periapical. Os cistos podem desenvolver-se mesmo como radiotransparência periapicais pequenas, e o tamanho radiográfico da lesão não pode ser utilizado para o diagnostico definitivo. Observa-se perda da lâmina dura ao longo da raiz adjacente, e uma radiotransparência arredondada circunda o ápice do dente.

 

·         Cisto radicular lateral apresenta-se como uma radiotransparência discreta ao longo da porção lateral da raiz. A perda da lâmina dura e uma fonte de inflamação óbvia podem não ser detectadas sem um alto índice de suspeição.

 

 

·         Cisto periapical residual apresenta-se como uma radiotransparência de forma circular a oval, de tamanho variável, no interior do processo alveolar no sítio de uma extração prévia. Com o envelhecimento da lesão, a degeneração dos constituintes celulares no lúmen leva ocasionalmente a calcificação distrófica e a radiopacidade luminal central.

 

Características histopatológicas

      Os três tipos de cistos inflamatórios são semelhantes. O cisto é revestido por epitélio escamoso estratificado, o qual pode apresentar exocitose, espongiose ou hiperplasia. O lúmen estará preenchido por líquido e células descamadas.  Ocasionalmente, o revestimento epitelial pode apresentar calcificações lineares ou em forma de arco, conhecidas como corpúsculos de Rushton. Calcificações distróficas, cristais de colesterol com células gigantes multinucleadas, hemácias e áreas de pigmentação por hemossiderina podem estar presentes no lúmen, na cápsula ou em ambos. A capsula do cisto consiste em tecido conjuntivo fibroso denso, muitas vezes com infiltrado inflamatório contendo linfócitos variáveis, mesclados com neutrófilos, plasmócitos, histiócitos e, raramente, mastócitos e eosinófilos.

Tratamento e prognóstico

     O cisto periapical é tratado da mesma maneira que o granuloma periapical.

 

ABSCESSO PERIAPICAL

     É o acúmulo de células inflamatórias agudas no ápice de um dente necrosado.

Características clínicas e radiográficas

     Os abscessos periapicais tornam-se sintomáticos à medida que o material purulento se acumula no interior do alvéolo. Os estágios iniciais produzem sensibilidade do dente afetado, muitas vezes aliviada pela aplicação direta de pressão. Com a progressão, a dor torna-se mais intensa, freqüentemente com sensibilidade extrema a percussão, extrusão do dente e tumefação dos tecidos.

      Radiograficamente, os abscessos podem apresentar um espessamento do ligamento periodontal apical, uma radiotransparência mal definida, ou ambos; mas, muitas vezes, não podem ser observadas alterações apreciáveis, pois não houve tempo suficiente para uma destruição óssea significativa.

Características histopatológicas

     Espécimes de biópsia de abscessos puros são incomuns, pois o material está em forma líquida. Os abscessos consistem num mar de leucócitos polimorfonucleares, freqüentemente mesclado com exsudato inflamatório, descamação celular, material necrótico, colônias bacterianas ou histiócitos.

Tratamento e prognóstico

     O tratamento do paciente com um abscesso periapical consiste na drenagem e eliminação do foco de infecção. Aqueles abscessos associados à presença de um trato fistuloso patente podem ser assintomáticos, mas, apesar disso, devem ser tratados.

      Usualmente, a parúlide cicatriza-se espontaneamente após a extração ou o tratamento endodôntico do dente afetado.

PARÚLIDE: é uma abscedação gengival

 

 

CAPÍTULO 10

 

PATOLOGIA EPITELIAL

 

PAPILOMA ESCAMOSO BUCAL

     É uma proliferação benigna do epitélio escamoso estratificado, que resulta em uma massa papilar ou verrucosa. A lesão é induzida pelo papiloma vírus humana (HPV). Os subtipos virais 6 e 11 têm sido identificados em até 50% dos papilomas orais, em comparação com menos de 5% das células da mucosa normal. Tem sido sugerido um período de latência ou incubação de 3 a 12 meses.

Características clínicas

     Os papilomas escamosos ocorrem com a mesma freqüência em homens e mulheres.

      Os locais de predileção são a língua, lábios e palato mole, mas qualquer superfície bucal pode ser afetada. Esta lesão é a mais comum das massas de tecido mole que surgem na língua e no palato mole.

      O papiloma escamoso é o nódulo exofítico mole, indolor e geralmente pedunculado, com numerosas projeções superficiais semelhantes a dedos, que lhe dão uma aparência de “couve-flor” ou verruga. As projeções podem ser pontudas ou rombudas, e a lesão pode ser branca, vermelho-clara, ou de cor normal, dependendo da quantidade de ceratinização da superfície. Caracteristicamente, o papiloma é solitário e aumenta rapidamente para o tamanho máximo de aproximadamente 0,5cm.

Características histopatológicas

     É caracterizado por uma proliferação do epitélio escamoso estratificado queratinizado, arranjado em projeções semelhantes a dedos, com áreas centrais de tecido conjuntivo fibrovascular. Os centros de tecido conjuntivo podem apresentar alterações inflamatórias, dependendo da quantidade de trauma provocado pela lesão. A camada de ceratina é espessa em lesões com uma aparência clínica mais branca, e o epitélio mostra tipicamente um padrão de maturação normal. Ocasionalmente, os papilomas mostram hiperplasia basilar e atividade mitótica, que podem ser confundidas com displasia epitelial branda. Modificação coilocitica.

Tratamento e prognóstico

     A excisão cirúrgica conservadora, incluindo a base da lesão, é o tratamento adequado para um paciente com papiloma escamoso, sendo improvável a recorrência.

 

VERRUGA VULGAR (VERRUGA COMUM)

 

     É uma hiperplasia comum focal do epitélio escamoso estratificado, benigno e induzido por vírus. Um ou mais papiloma vírus humanos (HPV) associados, tipos 2, 4, 6 e 10, são encontrados em todos os casos. A verruga vulgar é contagiosa e pode se espalhar para outras partes da pele ou das membranas mucosas de uma pessoa por auto-inoculação.

Características clínicas

     É freqüentemente descoberta nas crianças, mas algumas lesões podem aparecer até mesmo na meia-idade. A pele das mãos é o local mais comum da infecção. Quando a mucosa bucal é envolvida, as lesões são geralmente encontradas na borda do vermelhão do lábio, na mucosa labial ou na região anterior da língua.

      Tipicamente, a verruga apresenta-se como pápula ou nódulo indolor, com projeções papilares ou uma superfície rugosa granulada. Pode ser pedunculada ou séssil. As lesões cutâneas podem ser de coloração rosa, amarela ou branca.

Características histopatológicas

     É caracterizada pela proliferação do epitélio escamoso estratificado hiperceratótico organizado em projeções pontiagudas ou semelhantes a dedos, com áreas centrais de tecido conjuntivo. Cristas epiteliais alongadas tendem a convergir para o centro da lesão, formando uma depressão em forma de xícara, produzindo um efeito de “escavação”. Uma camada de células granulares bem evidentes (hipergranulose) apresenta grânulos de cerato-hialina grosseiros. Freqüentemente são observados coilócitos abundantes na superfície da camada espinhosa.

Os coilócitos são células epiteliais alteradas pelo HPV, com espaços perinucleares claros e núcleos pequenos e intensamente corados (picnose).

Tratamento e prognóstico

     Geralmente, as lesões bucais são excisadas cirurgicamente ou podem ser destruídas por laser, crioterapia ou eletrocirurgia.

 

CONDILOMA ACUMINADO (VERRUGA VENÉREA)

 

      É uma proliferação do epitélio escamoso estratificado da genitália, região perianal, boca e laringe induzida por vírus. Geralmente, são detectados na lesão um ou mais dos tipos 2, 6, 11, 53 e 54 de HPV. Entretanto, também são encontrados com freqüência os tipos de alto risco 16 e 18, especialmente nas lesões anogenitais.

      Período de incubação é de um a três meses a partir do contato sexual.

Características clínicas

     Diagnosticadas em adolescentes e adultos jovens, mas pessoas de todas as idades são suscetíveis. As lesões bucais ocorrem, com mais freqüência, na mucosa labial, palato mole e freio lingual. O condiloma típico apresenta-se como uma massa exofítica, séssil, rósea, firme e bem demarcada, com projeções superficiais rombudas e curtas. Os condilomas tendem a ser maiores que os papilomas e estão caracteristicamente aglutinados a outros condilomas.

Características histopatológicas

     O condiloma acuminado aparece com uma proliferação benigna de epitélio escamoso estratificado acantótico, com projeções papilares superficiais levemente ceratóticas. Núcleos delgados de tecido conjuntivo apóiam as projeções epiteliais papilares, mais embotadas e largas que as do papiloma escamoso e da verruga vulgar, dando-lhes uma aparência de criptas cheias de ceratina entre as proeminências.

      O epitélio de revestimento é maduro e diferenciado, mas as células espinhosas muitas vezes mostram núcleos picnóticos circundados por zonas claras (coilócitos), um aspecto microscópico de infecção pelo HPV.

Tratamento e prognóstico

      Os condilomas orais são normalmente tratados por excisão cirúrgica conservadora. A ablação a laser também tem sido usada, mas este tratamento tem sido questionado pela sua capacidade de espalhar o HPV transportado pelo ar através de microgotas aerossolizadas, criadas pela vaporização do tecido lesional.

 

MÁCULA MELANÓTICA BUCAL (MELANOSE FOCAL)

 

      É uma pigmentação plana e marrom da mucosa produzida pelo aumento localizado na deposição da melanina e, possivelmente, do número de melanócitos. A causa não foi esclarecida. Não depende da exposição ao sol.

Características clínicas

      Ocorre em qualquer idade, tanto em homens quanto em mulheres; A zona do vermelhão do lábio inferior é o local mais comum de ocorrência (33%), seguida pela mucosa jugal, gengiva e palato.

      A lesão típica aparece como uma mácula oval ou redonda, assintomática, uniformemente amarelo-acastanhada ou marrom-escura, bem demarcada e solitária (17% são múltiplas).

Características histopatológicas

      É caracterizada por um aumento da quantidade de melanina (e talvez de melanócitos) nas camadas basais e parabasal de um epitélio escamoso estratificado que não apresenta outros aspectos de anormalidade.

Tratamento e prognóstico

     Nenhum tratamento é necessário para a mácula melanótica, a não ser por considerações estéticas. Quando necessário, a biópsia excisional é o tratamento de escolha.

 

LEUCOPLASIA (LEUCOCERATOSE; ERITROLEUCOPLASIA)

 

OMS como “uma placa ou mancha branca que não pode ser caracterizada clinicamente ou patologicamente como qualquer outra doença”. Apesar de a leucoplasia não estar associada a um diagnóstico histopatológico especifico, ela é caracteristicamente considerada uma lesão pré-cancerígena ou pré-maligna.

Etiologia

      A causa da leucoplasia permanece desconhecida, posto que existam hipóteses:

- Tabaco: hábito de fumar tabaco parece ser a maior associação com o desenvolvimento da leucoplasia.

- Álcool: parece ter um forte efeito sinérgico com o tabaco com relação a produção do câncer bucal, não tem sido associado à leucoplasia.

- Sanguinária: Pessoas que usam cremes dentais ou colutórios contendo extratos da erva sanguinária podem desenvolver uma leucoplasia verdadeira.

- Radiação ultravioleta: é aceito como fator etiológico para a leucoplasia do vermelhão do lábio inferior, o que normalmente é associado com a queilose actínia.

- Microrganismos: vários microrganismos têm sido implicados na etiologia da leucoplasia.

- Traumas: várias lesões ceratóticas, que até recentemente foram vistas com variantes da leucoplasia, agora não são consideradas pré-cancerosas.

Características clínicas

      Geralmente ocorre em pessoas com mais de 40 anos de idade. A prevalência aumenta rapidamente com a idade, especialmente para os homens.

      Aproximadamente 70% das leucoplasias bucais são encontradas no vermelhão dos lábios, na mucosa jugal e na gengiva.

      Entretanto, as lesões na língua, vermelhão dos lábios e assoalho da boca somam mais de 90% daquelas que indicam displasia ou carcinoma.

      As lesões iniciais e brandas apresentam-se como placas cinza ou branco-acinzentadas levemente elevadas, que podem parecer um pouco translúcidas, fissuradas ou enrugadas, e são tipicamente moles e planas. Elas normalmente têm bordas fortemente demarcadas, mas ocasionalmente se misturam gradualmente com a mucosa normal.

LEUCOPLASIA DELGADA – ou branda, raramente mostra displasia na biópsia, pode desaparecer ou permanecer imutável. “fumantes” - A mucosa afetada pode tornar-se coriácea à palpação, e fissuras podem se aprofundar e se tornar mais numerosas. Neste estágio ou fase, é chamada de leucoplasia espessa ou homogênea. Algumas, talvez até um terço, regridem ou desaparecem, e poucas tornam-se ainda mais graves, desenvolvem irregularidades superficiais, e são, por isso chamadas leucoplasia nodular ou granular.

LEUCOPLASIA VERRUCOSA PROLIFERATIVA (LVP): é caracterizada pelo desenvolvimento de diversas placas ceratóticas com projeções rugosas na superfície. As múltiplas placas da LVP tendem a se espalhar lentamente e envolver vários locais da mucosa bucal. Embora as lesões tipicamente comecem como uma hiperceratose simples e plana, impossível de distinguir das lesões leucoplásicas comuns, a LVP exibe um crescimento persistente, se tornando de natureza exofítica e verrucosa.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Microscopicamente, é caracterizada por uma camada de ceratina mais espessa no epitélio superficial (hiperceratose) com ou sem uma camada espinhosa mais espessa (acantose). Frequentemente, um infiltrado crônico de células inflamatórias é percebido no tecido conjuntivo subjacente. A camada de ceratina pode consistir em ortoceratina (hiperortoceratose), paraceratina (hiperparaceratose), ou uma combinação de ambas.

      Com a paraceratina: não existe camada de células granulares e os núcleos epiteliais ficam retidos na camada de ceratina.

      Ortoceratina, o epitélio apresenta uma camada de células granulares e os núcleos são perdidos na camada de ceratina.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

     O primeiro passo no tratamento é chegar a um diagnóstico histopatológico definitivo. Além disso, a biópsia é obrigatória para guiar o curso do tratamento.

      A remoção completa pode ser conseguida, com a mesma eficácia, por excisão cirúrgica, eletrocautério, criocirurgia ou ablação a laser.

 

ERITROPLASIA (ERITROPLAQUIA; ERITROPLASIA DE QUEYRAT)

 

      É definida como uma placa vermelha que não poder ser diagnosticada clínica ou patologicamente como qualquer outra condição. Na boca, a eritroplasia é clínica e histopatologicamente semelhante ao processo genital. Quase todas as eritroplasias verdadeiras mostram displasia epitelial significativa, carcinoma in situ ou carcinoma de células escamosas invasivo.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

     É predominantemente uma doença de homens mais velhos, com um pico de prevalência aos 65-74 anos de idade. O assoalho da boca, a língua e o palato mole são os locais mais comuns de envolvimento, e várias lesões podem estar presentes.

      A mucoso alterada apresenta-se como uma mácula ou placa eritematosa bem demarcada, com uma textura macia e aveludada. É normalmente assintomática e pode estar associada a uma leucoplasia adjacente (eritroleucoplasia).

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Apresentam como displasia epitelial grave, carcinoma in situ ou carcinoma de células escamosas superficialmente invasivo. O epitélio mostra ausência de produção de ceratina, frequentemente é atrófico, mas pode ser hiperplásico. Esta falta de ceratinização, especialmente quando combinada com o adelgaçamento epitelial, permite a microvascularização subjacente se mostre, daí a coloração vermelha. O tecido conjuntivo subjacente apresenta inflamação crônica.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

     É guiado pelo diagnóstico definitivo obtido por biópsia. As lesões que exibem displasia moderada ou significativa devem ser completamente removidas ou destruídas pelos métodos usados para a leucoplasia.

 

USO DE TABACO SEM FUMAÇA E CERATOSE DO TABACO SEM FUMAÇA

(BOLSA DE RAPÉ; LESÃO POR DEPOSIÇÃO DE RAPÉ; CERATOSE DA BOLSA DE TABACO; CERATOSE DE CUSPO DE TABACO)

 

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

      Uma variedade de alterações locais na boca também é encontrada em usuários crônicos. Umas das mudanças locais mais comum é a característica perda indolor dos tecidos gengival e periodontal na região de contato com o tabaco. Esta “recessão” gengival frequentemente inclui a destruição da superfície vestibular do osso alveolar e se correlaciona com a quantidade de uso diário e a duração do hábito de tabaco sem fumaça.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

      Não é específica. O epitélio escamoso é hiperceratinizado e acantótico, com ou sem vacuolização intracelular ou “edema” de células superficiais ricas em glicogênio. Paraceratina em forma de V pode ser observada como projeções pontudas sobre ou dentro das camadas do epitélio de superfície. Aumento da vascularização subepitelial e ingurgitamento dos vaso.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

     O tratamento dependerá do diagnóstico histopatológico. Sem evidência microscópica de displasia ou malignidade, as ceratose não são tratadas.

 

CERATOSE ACTÍNICA (CERATOSE SOLAR)

 

      É uma lesão cutânea pré-maligna comum, causada pela radiação ultravioleta cumulativa na pele exposta ao sol, especialmente nas pessoas de pele clara. A exposição à luz ultravioleta pode produzir mutações no gene supressor de tumor p53, uma alteração encontrada frequentemente nesta e em outras lesões pré-cancerígenas e no câncer da região de cabeça e pescoço.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

     É encontrada nas pessoas com menos de 40 anos de idade. A face e o pescoço, o dorso das mãos, os antebraços e o couro cabeludo de homens carecas são os locais mais comuns de ocorrência. As lesões individuais são placas escamosas irregulares, que variam em cor desde normal até branca, cinza ou marrom, e podem se sobrepor a um fundo eritematoso. A descamação ceratótica ocorre em graus variáveis.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     É caracterizada por hiperparaceratose e acantose. Cristas epiteliais em forma de gota comumente se estendem para baixo do epitélio; por definição, algum grau de displasia epitelial está presente.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

      Seja destruída pela crioterapia com nitrogênio líquido, aplicação tópica de 5-fluorouracil, curetagem, eletrodessecação ou excisão cirúrgica.

 

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS

 

     A causa do carcinoma de células escamosas é multifocal. Não há um agente ou fator causador (carcinógeno) isolado, claramente definido ou aceito, mas tanto fatores extrínsecos quanto intrínsecos podem estar em atividade. É provável que mais de um fator seja necessário para produzir a malignidade (co-carcinogênese). Os fatores extrínsecos incluem os agentes externos, como o fumo de tabaco, álcool, sífilis e (apenas para o câncer do vermelho do lábio) os raios solares.

      Os fatores intrínsecos incluem os estados sistêmicos ou generalizados, como a destruição geral ou anemia por deficiência de ferro.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     São mais frequentemente, homens mais velhos que perceberam alguma alteração em um local de câncer bucal por quatro a oito meses antes de procurar ajuda profissional.

      Há uma dor mínima na fase inicial de crescimento, e isto pode justificar o atraso na procura por cuidados médicos.

      Os carcinoma de células escamosas bucal tem uma apresentação clínica variada, incluindo:

  • Exofítica (formação de massa; fungiforme, papilar, verrucosa)
  • Endofítica (invasiva, crateriforme, ulcerada)
  • Leucoplásica (placa branca)
  • Eritroplásica (placa vermelha)
  • Eritroleucoplásica (placa combinada branco-vermelho)

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

      Origina-se no epitélio displásico de superfície e caracteriza-se histopatologicamente por ilhas e cordões invasivos de células epiteliais escamosas malignas.

      A invasão é caracterizada pela extensão irregular do epitélio da lesão através da membrana basal para dentro do tecido conjuntivo subepitelial. Células escamosas epiteliais e ninhos ou ilhas de células são observados crescendo como entidades independentes dentro do tecido conjuntivo sem ligação com o epitélio de superfície. Células invasoras e massas de células podem se estender profundamente para o tecido adiposo subjacente, para o músculo ou para o osso, destruindo o tecido original conforme progridem na invasão. As células da lesão podem destruir vasos sanguíneos e invadir o lúmen de veias ou vasos linfáticos.

      O produto normal do epitélio escamoso é a ceratina, e pérolas de ceratina (áreas focais redondas de células ceratinizadas em camadas concêntricas) podem ser produzidas dentro do epitélio lesional.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

     Os carcinomas do vermelhão do lábio são tratados por excisão cirúrgica, caracteristicamente uma ressecção em cunha.

      O tratamento do carcinoma de células escamosas intra-oral é guiado pelo estágio clínico da doença e consiste em ampla (radical) excisão cirúrgica, radioterapia, ou uma combinação de cirurgia e radioterapia.

 

CARCINO VERRUCOSO

(CÂNCER POR DEPOSIÇÃO DE RAPÉ; TUMOR DE ACKERMAN)

 

      É uma variante de baixo grau do carcinoma de células escamosas bucal.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

     É encontrado predominantemente em homens com mais de 55 anos de idade.  Os locais mais comuns de envolvimento da mucosa bucal são o vestíbulo mandibular, a mucosa jugal e o palato duro.

      A lesão aparece como uma placa espessa, difusa, bem demarcada e indolor, com projeções superficiais papilares ou verrucosas. As lesões são tipicamente brancas, mas também podem parecer eritematosas ou róseas.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Tem uma aparência microscópica enganosamente benigna. É caracterizado por cristas epiteliais largas e alongadas, que parecem “empurrar” para dentro do tecido conjuntivo subjacente. As lesões normalmente apresentam produção abundante de ceratina (geralmente paraceratina) e uma superfície papilar ou verrucosa. A paraceratina comumente preenche as numerosas fendas e criptas (tampão de paraceratina) entre as projeções superficiais. Tais projeções podem ser longas e pontiagudas ou curtas e rombudas. As células epiteliais tumorais geralmente mostram um padrão de maturação normal sem grau significativo de atipia celular. Frequentemente, há intenso infiltrado crônico de células inflamatórias no tecido conjuntivo subjacente.

      O diagnostico histopatológico do carcinoma verrucoso requer uma biopsia incisional adequada.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

     O tratamento de escolha é a excisão cirúrgica sem dissecção radical do pescoço.

 

CAPITULO 15

 

CISTOS E TUMORES ODONTOGÊNICOS

 

CISTOS ODONTOGÊNICOS

 

     A maioria dos cistos dos maxilares são limitados por epitélio que se origina do epitélio odontogênico. Estes cistos são denominados cistos odontogênicos.

Cisto de desenvolvimento -  são de origem desconhecida, mas não parecem ser resultantes de uma reação inflamatória;

Cisto inflamatória – resultam de inflamação.

 

 

CISTO DENTÍGERO (CISTO FOLICULAR)

 

      É definido como um cisto que se origina pela separação do folículo da coroa de um dente incluso. É o tipo mais comum de cisto odontogênico de desenvolvimento, compreendendo cerca de 20% de todos os cistos epiteliais dos maxilares.

      O cisto dentígero envolve a coroa de um dente incluso e está unido ao dente na junção esmalte-cemento. Ele desenvolve-se pelo acúmulo de líquido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

      Embora os cistos dentígeros possam estar associados com qualquer dente incluso, mais frequentemente eles envolvem os terceiros molares inferiores. Outros locais são os caninos superiores, terceiros molares superiores e segundos pré-molares inferiores. Ocasionalmente, estão associados com dentes supranumerários ou odontomas.

      Radiograficamente, o cisto dentígero apresenta-se como uma lesão radiotransparente unilocular associada à coroa de um dente incluso. Comumente, a área radiotransparante tem uma margem bem definida e muitas vezes esclerótica, porém um cisto infectado poderá mostrar limites maldefinidos. Um cisto dentígero grande pode dar a impressão de um processo multilocular devido à persistência de trabéculas ósseas na área radiotransparente.

      A relação cisto-coroa mostra variações radiográficas.

  • Variante central – o cisto circunda a coroa do dente que está projetada para dentro do cisto.
  • Variante lateral – está comumente associada com um terceiro molar inferior com impactação mesioangular e parcialmente erupcionado. O cisto cresce lateralmente ao longo da superfície radicular e circunda parcialmente a coroa,
  • variante circunferencial – o cisto circunda a coroa e se estende por alguma distância ao longo da raiz, de tal forma que uma parte da raiz parece estar dentro do cisto.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

Cisto dentígero não-inflamado – a cápsula de tecido conjuntivo fibroso é arranjada frouxamente e a substância fundamental contém quantidade considerável de glicosaminoglicanos. Pequenas ilhas e cordões de restos de epitélio odontogênico aparentemente inativos podem estar presentes na cápsula fibrosa. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não-ceratinizadas, e a interface entre o epitélio e o tecido conjuntivo é plana.

Cisto dentígero inflamado – a cápsula fibrosa é mais colagenizada e o infiltrado crônico de células inflamatórias é variável. O limitante epitelial pode mostrar quantidade variável de hiperplasia com desenvolvimento de projeções epiteliais e aspecto escamoso mais definido. Algumas vezes, é observada uma superfície ceratinizada.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

      O  tratamento usual para o cisto dentígero é a cuidadosa enucleação do cisto e remoção do dente incluso associado. Se a erupção do dente envolvido é considerada viável, o dente pode ser mantido no local após a remoção parcial da parede do cisto. Os pacientes podem necessitar de tratamento ortodôntico para assegura a erupção do dente incluso.

 

CISTO DE ERUPÇÃO  (HEMATOMA DE ERUPÇÃO)

 

     É o análogo do cisto dentígero no tecido mole. Desenvolve-se como resultado da separação do folículo dentário que envolve a coroa de um dente em erupção que está dentro dos tecidos moles sobre o osso alveolar.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

     É uma tumefação mole, muitas vezes translúcida na mucosa gengival, recobrindo a coroa de um dente decíduo ou permanente em erupção. A lesão está mais comumente associada com os primeiros molares permanentes e incisivos superiores.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

      No exame microscópico, observa-se o epitélio bucal de superfície na parte superior. Na lâmina própria subjacente, há um infiltrado variável de células inflamatórias. O revestimento do cisto, na porção mais profunda do material, é formado por uma camada fina de epitélio escamoso não-ceratinizado.

 

 

 

 

CERATOCISTO ODONTOGÊNICO

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     Podem ser encontrados em pacientes com idade variável, da criança ao adulto idoso.

      Os ceratocistos odontogênicos tendem a crescer no sentido ântero-posterior, pelos espaços medulares do osso, sem causar expansão óssea evidente.

      Os ceratocistos odontogênicos apresentam área radiotransparente bem definida com margens regulares e frequentemente na região posterior do corpo mandibular e ramo ascendente da mandíbula, podem se apresentar multiloculadas.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Apresenta uma cápsula fina e friável, que muitas vezes é difícil de ser enucleada do osso sem se fragmentar. A luz do cisto pode conter um líquido claro, semelhante ao transudato do plasma, ou pode estar preenchida com um material caseoso, semelhante a queijo, que ao exame microscópico consiste em restos de ceratina.

      Microscopicamente, a parede fibrosa fina mostra-se sem qualquer infiltrado inflamatório. O limitante epitelial é constituído de uma camada uniforme de epitélio escamoso estratificado, comumente com seis a oito células de espessura. A junção-epitélio conjuntiva frequentemente é plana, sendo a formação de projeções epiteliais imperceptível. A superfície luminal possui células epiteliais paraceratinizadas achatadas, que apresentam aparência corrugada ou ondulada. A camada basal é composta de uma camada células epiteliais colunares ou cúbicas, dispostas em paliçada, muitas vezes hipercromáticas. Ilhas, cordões ou pequenos cistos-satélites podem ser vistos na cápsula fibrosa.

 

CISTO GENGIVAL (ALVEOLAR) DO RECÉM-NASCIDO

     São pequenos cistos superficiais contendo ceratina, encontrados na mucosa alveolar de recém-nascidos. Se originam de remanescentes da lâmina dentária. São lesões comuns. Entretanto, como desaparecem espontaneamente por seu rompimento na cavidade oral, raramente são notadas ou removidas para biópsia.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

      Aparecem como pápulas esbranquiçadas, frequentemente múltiplas, na mucosa de reconhecimento dos processos alveolares de recém-nascidos.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

      mostra um limitante epitelial fino e plano, com superficie paraceratinizada. A luz contém fragmentos de ceratina.

 

CISTO GENGIVAL DO ADULTO

 

      É uma lesão incomum. Considerado a contraparte dos tecidos moles do cisto periodontal lateral, ele é derivado de restos da lâmina dentária (restos de Serres). Em raras ocasiões, o cisto pode desenvolver-se na gengiva no local de um enxerto gengival; entretanto, tais lesões provavelmente constituem cisto de inclusão epitelial que resultam de procedimentos cirúrgicos.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

      Mostra acentuada predileção para ocorrer na região do canino e pré-molar inferiores.  São comumente encontrados em pacientes na quinta e sexta décadas de vida, sendo quase sempre localizados na mucosa alveolar ou gengival vestibulares.

      Clinicamente, os cistos aparecem como tumefações indolores semelhantes a uma cúpula, muitas vezes, são azulados ou azul-acinzentados. Algumas vezes, o cisto pode causar uma reabsorção superficial “em taça” do osso alveolar, a qual não costuma ser detectada na radiografia.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Um limitante epitelial fino e plano, com ou sem placas localizadas que contêm células claras. Pequenos ninhos dessas células claras ricas em glicogênio, que constituem restos da lâmina dentária, também podem ser observados circundando o tecido conjuntivo.

TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

Responde bem à simples excisão cirúrgica.

CISTO PERIODONTAL LATERAL

(CISTO ODONTOGÊNICO BOTRÍÓIDE)

      É um tipo incomum de cisto odontogênico de desenvolvimento que, caracteristicamente, ocorre ao longo da superfície lateral da raiz de um dente.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RDIOGRÁFICAS

     É uma lesão assintomática, detectada somente durante um exame radiográfico.

      Radiograficamente, o cisto apresenta-se como uma área radiotransparente bem circunscrita, localizada lateralmente à raiz ou raízes de um dente com vitalidade.

      Ocasionalmente, a lesão pode ter uma aparência policística;  macroscópica e microscopicamente, apresentam-se como pequenos cistos com aspecto semelhante a um cacho de uvas. Possivelmente resultado de degeneração cística e subsequente fusão de focos adjacentes de restos da lâmina dentária.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

      Tem uma cápsula fibrosa fina, geralmente não-inflamado, revestida por epitélio com espessura de apenas uma a três células na maioria das regiões. Geralmente este epitélio consiste em células escamosas achatadas, mas às vezes as células são cuboidais. Focos de  células claras, ricas em glicogênio, podem ser observados, entremeados com as células epiteliais limitantes. Alguns cistos mostram espessamentos nodulares do limitante epitelial, compostos principalmente de células claras.

 

 

TUMORES ODONTOGÊNICOS

 

AMELOBLASTOMA

      É o tumor odontogênico de maior significado clínico.  São tumores que se originam do epitélio odontogênico. Teoricamente, podem-se originar de remanescentes da lâmina dentária, do órgão do esmalte em desenvolvimento, do revestimento epitelial de um cisto odontogênico ou das células da camada basal da mucosa bucal. Os ameloblastomas são tumores de crescimento lento, localmente invasivos, que têm um curso benigno na maioria dos casos.

 

AMELOBLASTOMA INTRA-ÓSSEO MULTICÍSTICO OU SÓLIDO CONVENCIONAL

 

     Ocorrem na mandíbula , mais frequentemente na região dos molares e do ramo ascendente. Cerca de 15% dos ameloblastomas ocorrem na maxila, geralmente nas regiões posteriores. Frequentemente, o tumor é assintomático, e lesões menores apenas são detectadas durante um exame radiográfico. A tumefação indolor ou a expansão do maxilar são manifestações clínicas comuns. Se não tratada, a lesão poderá crescer lentamente, formando massas ou atingindo proporções grotescas. A dor e a parestesia são incomuns, mesmo em tumores grandes.

      O aspecto radiográfico mais característico é uma lesão radiotransparente multilocular. (bolhas de sabão). Loculações radiotransparentes são pequenas “favo de mel”.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Degeneração cística.

Padrão folicular: é o mais comum e reconhecível.

Padrão plexifome: consiste em longos cordões ou placas de epitélio odontogênico anastomosados. Os cordões ou placas de epitélio são circundados por células colunares ou cúbicas semelhantes a ameloblastos, envolvendo epiteliais arranjadas mais frouxamente.

Padrão acantomatosa: quando ocorre uma extensa metaplasia escamosa, muitas vezes associada com formação de ceratina, nas porções centrais das ilhas epiteliais de um ameloblastoma folicular.

Padrão de células granulares: podem algumas vezes mostrar transformação de grupos de células epiteliais em células granulares.

Padrão desmoplásico: contém pequenas ilhas e cordões de epitélio odontogênico em um estroma densamente colagenizado.

Padrão de células basais: a variante é o tipo mais comum. As lesões são constituídas de ninhos de células basais uniformes, histopatologicamente muito semelhantes ao carcinoma de células basais da pele.

 

AMELOBLASTOMA UNICISTICO

 

     Média de idade 23 anos. 90% são encontrados na mandíbula, freqüentemente na região posterior. A lesão assintomática, embora lesões grandes possam causar tumefação dolorosa nos maxilares. A lesão aparece caracteristicamente como uma área radiotransparente que circunda a coroa de um terceiro molar inferior incluso, que lembra clinicamente um dentígero.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLOGICAS

     Ameloblastoma luminal – confinado à superfície luminal do cisto. A lesão consiste na parede fibrosa de um cisto com um limitante constituído parcial ou totalmente de epitélio ameloblástico.  Apresenta na camada basal de células cúbicas ou colunares, com núcleos hipercromáticos que mostram polarização invertida e vacuolização citoplasmática.

      Ameloblastoma unicístico intraluminal – um ou dois nódulos de ameloblastoma projetam-se do limitante cístico para a luz do cisto.

      Ameloblastoma unicístico mural – a parede fibrosa do cisto está infiltrada por ameloblastoma típico folicular ou plexiforme.

 

AMELOBLASTOMA PERIFÉRICO (EXTRA-ÓSSEO)

     Origina-se de restos da lâmina dentaria abaixo da mucosa bucal, ou de células epiteliais da camada basal do epitélio da mucosa.

CARACTERISTICAS CLÍNICAS

     Apresenta-se como uma lesão da mucosa alveolar ou da gengiva, pedunculado ou séssil, não-ulcerada e indolor.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLOGICAS

     Apresenta ilhas de epitélio ameloblástico que ocupam a lâmina própria abaixo do epitélio da superfície.

 

TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE

 

     10 e 19 anos de idade. Tem grande tendência para ocorrer nas porções anteriores dos maxilares, sendo duas vezes mais comum na região anterior da maxila do que da mandíbula.

      São relativamente pequenos. São lesões que se apresentam como pequenas massas sésseis na região vestibular da gengiva, na maxila, e clinicamente não podem ser diferenciadas de lesões fibrosas comum da gengiva. São assintomáticos.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLOGICAS

     É uma lesão bem definida, frequentemente envolvida por uma cápsula fibrosa espessa. Microscopicamente, o tumor é constituído de células epiteliais fusiformes, que formam ninhos, cordões ou massas celulares, num escasso estroma fibroso.

 

 

TUMORES ODONTOGÊNICOS MISTOS

 

FIBROMA AMELOBLÁSTICO

     

      É considerado como tumor misto verdadeiro, no qual os tecidos epitelial e mesenquimal são neoplásicos. É um tumor incomum.

CARACTERISTICAS CLINICAS E RADIOGRAFICAS

     Tendem a ocorrer em mais jovens. Os fibromas ameloblásticos pequenos são assintomáticos, os tumores maiores estão associados com a tumefação nos maxilares. A localização mais comum é a região posterior da mandíbula.

      Radiograficamente, observa-se uma lesão radiotransparente unilocular ou multilocular, tendendo as lesões menores a se apresentarem como lesões uniloculares.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Apresenta-se como massa sólida de tecido mole, com superfície externa lisa. Uma cápsula definida pode ou não estar presente. Microscopicamente, o tumor é constituído de tecido mesenquimal rico em células, lembrando a papila dentaria primitiva, junto com a proliferação de epitélio odontogênico. O aspecto mais comum do epitélio consiste em cordões epiteliais estreitos e longos, muitas vezes anastomosados.

 

ODONTOMA

 

     São os tipos mais comuns de tumores odontogênicos. São considerados mais como anomalias de desenvolvimento (hamartomas) do que neoplasias verdadeiras.

Odontoma composto – é formado por muitas estruturas pequenas semelhantes a dentes.

Odontoma complexo -  consiste em uma massa aglomerada de esmalte e dentina.

CARACTERISTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     Média de 14 anos.

      São totalmente assintomáticos. Caracteristicamente os odontomas são pequenos e raramente excedem o tamanho de um dente na área onde estão localizados.

      Ocorrem com freqüência um pouco maior na maxila do que na mandíbula. Pode desenvolver completamente nos tecidos moles gengivais.

      Radiograficamente, o odontoma composto apresenta-se como uma coleção de estruturas semelhantes ao dente, de forma e tamanho variáveis, circundadas por uma estreira zona radiotransparente. O odontoma complexo apresenta-se como uma massa calcificada, com radiodensidade de estrutura dentária, envolvida, também, por uma estreita margem radiotransparente.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLOGICAS

     Consiste em várias formações que lembram pequenos dentes unirradiculares no interior de uma matriz fibrosa frouxa.   

 

     

 

    

TUMORES DO ECTOMESÊNQUIMA ODONTOGÊNICO

 

FIBROMA ODONTOGÊNICO CENTRAL

     é uma lesão incomum e, algumas vezes controvertida.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     4 a 80 anos (média de 40 anos).  Ocorrem na maxila, sendo a maioria das lesões superiores localizadas anteriormente ao primeiro molar. Um terço dos fibromas odontogênicos está associado com um dente incluso. Os fibromas odontogênicos menores frequentemente são totalmente assintomáticos; as lesões maiores podem estar associadas com uma expansão óssea localizada ou abalamentos de dentes.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLÓGICAS

 

Fibroma odontogênico simples – é constituído de fibroblastos estrelados, muitas vezes arranjados entre fibrilas colágenas finas e considerável quantidade de substância fundamental. Pequenas concentrações de restos epiteliais odontogênicos podem ou não estar presentes.

Fibroma odontogênico central – tem um aspecto mais complexo, consiste em um tecido conjuntivo fibroso medianamente celular, com fibras colágenas arranjadas em feixes entrelaçados. Epitélio odontogênico, sob a forma de longos cordões ou ninhos isolados, encontra-se espalhado na lesão e pode ser um componente significativo.

 

FIBROMA ODONTOGÊNICO PERIFÉRICO

 

      Ocorre nos tecidos moles.

CARACTERISTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     Apresenta-se como uma massa gengival firme, frequentemente séssil, de crescimento lento, recoberta por um mucosa de aparência normal. Freqüente na gengiva vestibular da mandíbula.

CARACTERISTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     O tumor consiste em feixes entrelaçados do tecido conjuntivo fibroso celular, que pode estar entremeado com áreas de tecido conjuntivo mixóide menos celular.

 

 

          

 

 

 

 

 

 

 

MIXOMA ODONTONGENICO

      Originam-se do ectomesênquima odontogênico.

CARACTERISTICAS CLÍNICAS E RADIOGRÁFICAS

     O tumor pode ser encontrado em quase todas as regiões dos maxilares, e a mandíbula é um pouco mais afetada do que a maxila. As lesões menores podem ser assintomáticas, sendo descobertas apenas durante um exame radiográfico. Lesões maiores muitas vezes encontram-se associadas com uma expansão indolor do osso envolvido.

      Radiograficamente, o mixoma apresenta-se como uma lesão radiotransparente multilocular ou unilocular, que pode deslocar ou causar reabsorção dos dentes na área do tumor. A lesão radiotransparente ode conter finas trabéculas de osso.

CARACTERÍSTICAS HISTOPATOLÓGICAS

     Microscopicamente, o tumor é constituído de células redondas e fusiformes com arranjo estrelado, dispostas em um abundante estroma mixóide frouxo,que contém apenas umas poucas fibrilas colágenas.

      Substância fundamental é constituída de glicosaminoglicanos, principalmente ácido hialurônico e sulfato de condroitina. Pequenas ilhas de restos epiteliais odontogênicos aparentemente inativos.

 

 

Tratamento e prognóstico

 

      Os mixomas pequenos são geralmente tratados por curetagem, mas a reavaliação periódica cuidadosa é necessária, pelo menos por cinco anos. Para as lesões maiores, pode ser necessária uma ressecção mais extensa, porque os mixomas não são encapsulados e tendem a infiltrar o osso circunjacente. A remoção completa de um tumor grande pela curetagem é muito difícil de ser feita, e as lesões da região posterior da maxila, em particular, devem ser tratadas mais agressivamente na maioria dos casos.

 

 

CEMENTOBLASTOMA (CEMENTOMA VERDADEIRO)

 

     um tumor odontogênico.

      É um neoplasma  odontogênico de cementoblastos.

Características clínicas e Radiográficas

     Mais de 75% surgem na mandíbula, com 90% surgindo na região de molares e de pré-molares. Quase 50% envolvem o primeiro molar permanente. Os cementoblastomas raramente afetam dentes decíduos. Dor e tumefação estão presentes em aproximadamente dois terços dos pacientes afetados.

      Radiograficamente, o tumor aparece como uma massa radiopaca que se funde à raiz de um ou mais dentes e é circundado por um halo radiotransparente fino. O contorno externo da raiz ou raízes dos dentes envolvidos normalmente é perdido devido à reabsorção da raiz e fusão do tumor com o dente.

Características histopatológicas

     A apresentação histopatológica do cementoblastoma se assemelha intimamente à do osteoblastoma, com a característica diferencial primária sendo a fusão do tumor consiste em lençóis e trabéculas espessas de material mineralizado com lacunas dispostas irregularmente e linhas reversas basofílicas proeminentes. Tecido fibrovascular celular está presente entre as trabéculas mineralizadas. Células gigantes multinucleadas estão frequentemente presentes, e as trabéculas mineralizadas são geralmente revestidas por células semelhantes a blastos. A periferia da lesão , correspondente à zona radiotransparente observada na radiografia, é composta de matriz não calcificada que frequentemente é organizada em colunas radiantes.

Tratamento e prognóstico

      O tratamento de um cementoblastoma normalmente consiste em extração cirúrgica do dente junto com a massa calcificada aderida.

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